Por Marie-Louise Gumuchian
LONDRES (Reuters) - A atriz iraniana Zar Amir Ebrahimi, que fugiu de seu país natal em 2008 com medo depois que um vídeo particular vazou, diz que canalizou sua própria experiência no thriller "Holy Spider", um conto sombrio de um assassino em série na cidade sagrada de Mashhad.
Baseado em fatos reais de 20 anos atrás na cidade iraniana, o filme, apelidado de "Persa noir" por seu diretor Ali Abbasi, segue o construtor Saeed, interpretado por Mehdi Bajestani, enquanto ele mata prostitutas locais no que considera uma missão sagrada de limpeza.
Amir Ebrahimi interpreta a jornalista Rahimi, que está tentando encontrá-lo e suspeita que a corrupção esteja impedindo sua prisão.
A atriz, que mora na França, fugiu do Irã por medo de prisão, chicotadas e proibição de trabalhar depois do vazamento de um vídeo íntimo.
"Como uma mulher iraniana, (Rahimi) estava em mim de alguma forma. Mas talvez também porque eu tenha uma história especial no Irã, e nem toda atriz que conheço teve essa experiência de vida", disse Amir Ebrahimi à Reuters antes do lançamento do filme no Reino Unido, na sexta-feira.
"Eu apenas consegui canalizar alguns detalhes, algumas histórias muito íntimas e pessoais que tive, especialmente no meu último ano morando no Irã -- como enfrentar o governo, como enfrentar os colegas, como enfrentar esta sociedade quando se trata de julgar você, quando se trata de tentar removê-lo de alguma forma."
O longa, que foi filmado na Jordânia e estreou no Festival de Cinema de Cannes, aborda a misoginia e o patriarcado.
"(As profissionais do sexo no filme) são seres humanos, elas têm suas próprias histórias... uma sociedade julgada por muitas pessoas", disse Amir Ebrahimi. "Acho que qualquer outra mulher iraniana poderia sentir isso facilmente", acrescentou.