Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, marcou nesta sexta-feira o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto alertando contra o que ele chamou de um aumento alarmante do antissemitismo após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro e os esforços para minimizar o que aconteceu naquele dia.
Biden, que lançou a primeira estratégia nacional dos EUA para combater o antissemitismo em maio de 2023, disse que a necessidade de lembrar o Holocausto e o "flagelo do antissemitismo" era mais urgente do que nunca, após o ataque do Hamas que matou 1.200 pessoas -- a maior perda de vidas em um único dia desde a fundação de Israel em 1948.
"Após o massacre cruel do Hamas, testemunhamos um aumento alarmante do antisemitismo desprezível no país e no exterior, que trouxe à tona cicatrizes dolorosas de milênios de ódio e genocídio do povo judeu. Isso é inaceitável", disse Biden em um comunicado.
"Não podemos nos lembrar de tudo o que os sobreviventes judeus do Holocausto vivenciaram e depois ficarmos em silêncio quando os judeus são atacados e alvejados novamente hoje", disse ele, pedindo uma forte reação contra o negacionismo do Holocausto e "esforços para minimizar os horrores que o Hamas perpetrou em 7 de outubro, especialmente seu uso terrível e imperdoável de estupro e violência sexual para aterrorizar as vítimas".
Especialistas da ONU exigiram este mês a responsabilização pela violência sexual contra civis israelenses durante os ataques de 7 de outubro, incluindo alegações de estupro, mutilações e tiros nas áreas genitais. O Hamas nega os abusos.
Em novembro, o líder da maioria no Senado dos EUA, Chuck Schumer, disse que o aumento do antissemitismo desde o início da guerra entre Israel e o Hamas era um "incêndio" que ameaçava a segurança dos judeus em todo o mundo e o futuro de Israel.
Biden disse que seu governo continua a condenar e combater o antissemitismo, enquanto trabalha para garantir a libertação dos reféns restantes mantidos pelo Hamas, que sequestrou cerca de 240 pessoas em 7 de outubro. Ele pediu aos norte-americanos que façam sua parte para combater o ódio em todas as suas formas.
"É nossa responsabilidade moral compartilhada enfrentar o antissemitismo e a violência alimentada pelo ódio em casa e no exterior e tornar real a promessa de 'Nunca Mais'", disse Biden.
Biden, um católico devoto que nasceu no meio da Segunda Guerra Mundial, disse que levou seus próprios filhos e netos a um campo de concentração alemão para mostrar a eles "a profundidade desse mal antissemita e a cumplicidade do silêncio ou da indiferença".
Grupos de direitos humanos relataram um aumento acentuado nos incidentes antissemitas, antiárabes e antimuçulmanos desde 7 de outubro.
Em novembro, a Casa Branca disse que também está desenvolvendo uma estratégia nacional para combater a islamofobia.
A iniciativa enfrentou o ceticismo de alguns muçulmanos dos EUA que estão furiosos com o contínuo apoio político e financeiro de Biden ao ataque de Israel a Gaza, que já matou mais de 25.000 palestinos, e com o fato de ele não ter pedido um cessar-fogo.
O governo Biden rejeitou os pedidos de cessar-fogo, mas está pedindo a Israel e ao Hamas que interrompam os combates para permitir a libertação de reféns e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.