Por Nidal al-Mughrabi e Steve Holland
GAZA/TEL AVIV (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu solidariedade a Israel nesta quarta-feira e disse que uma explosão mortal em um hospital de Gaza parece ter sido causada por uma falha no disparo de um foguete por militantes, ao concluir uma missão de paz urgente no Oriente Médio que foi reduzida pela explosão.
Aumentando temores de uma instabilidade mais ampla, manifestantes de todo o Oriente Médio expressaram sua fúria contra Israel por causa da violência que envolveu o hospital Al-Ahli al-Arabi na noite de terça-feira, que, segundo as autoridades palestinas, matou 471 pessoas.
Elas culparam um ataque aéreo israelense pela explosão, enquanto Israel disse que foi causada por um lançamento de foguete malsucedido do grupo militante de Gaza Jihad Islâmica, que negou a culpa.
Biden prometeu mais ajuda a Israel no final de sua visita de um dia ao país, que está bombardeando Gaza para tentar erradicar os militantes do grupo Hamas, depois que eles mataram 1.400 israelenses em um ataque no início deste mês.
Sobre a explosão no hospital, o presidente dos EUA declarou: "Com base nas informações que vimos hoje, ela (explosão) parece ter sido resultado de um foguete errante disparado por um grupo terrorista em Gaza".
Em Washington, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca ecoou Biden, dizendo que a avaliação dos EUA foi baseada na análise de imagens aéreas, interceptações e informações de fonte aberta.
Os líderes árabes reagiram à perda de vidas no hospital cancelando uma cúpula com Biden na Jordânia. A intenção era que essa fosse a segunda parte de seu itinerário cuidadosamente coreografado de reuniões de emergência com aliados para evitar uma guerra mais ampla no Oriente Médio.
NÃO SE DEIXEM CONSUMIR PELA RAIVA, DIZ BIDEN
Biden disse que os Estados Unidos farão tudo o que for possível para garantir a segurança de Israel e, ao mesmo tempo, pediu aos israelenses que não se deixem consumir pela raiva, reiterando que a grande maioria dos palestinos não é filiada ao Hamas.
O Ministério da Saúde de Gaza informou que 3.478 palestinos foram mortos e 12.065 ficaram feridos em ataques aéreos israelenses desde 7 de outubro.
Biden disse que os EUA fornecerão 100 milhões de dólares em novos fundos para ajuda humanitária aos palestinos em Gaza e na Cisjordânia ocupada por Israel.
"O que nos diferencia dos terroristas é que acreditamos na dignidade fundamental de toda vida humana", declarou Biden. Se isso não for respeitado, "então os terroristas vencem".
Ele também disse -- antes de deixar Israel após o que acabou sendo uma visita de menos de oito horas -- que pedirá ao Congresso um pacote de ajuda "sem precedentes" nesta semana.
Biden enfrentou intensa pressão para garantir um compromisso israelense claro de permitir a entrada de ajuda do Egito em Gaza, para aliviar a situação dos civis no pequeno enclave costeiro densamente povoado.
No final da visita do presidente norte-americano, o gabinete de Netanyahu divulgou um comunicado afirmando que Israel permitiria que alimentos, água e medicamentos chegassem ao sul de Gaza via Egito. Reiterou que não permitirá a entrada de ajuda a partir de Israel até que o Hamas liberte os reféns israelenses.
REUNIÃO DE BIDEN COM ÁRABES CANCELADA
A viagem de Biden ao Oriente Médio foi planejada para acalmar a região, mas a Jordânia cancelou sua cúpula planejada em Amã com o Egito e a Autoridade Palestina após a explosão no hospital. Em vez disso, ele deve falar com os líderes de Jordânia e Egito por telefone, do Air Force One, a caminho de casa.
Depois de conversar com o gabinete de guerra de Netanyahu, Biden teve um encontro com sobreviventes israelenses do massacre de 7 de outubro. Ele abraçou a avó aposentada Rachel Edri, que foi mantida refém sob a mira de uma arma em sua casa por 20 horas pelo Hamas e usou comida e conversa para contorná-los até a captura deles.
"Por favor, continue nos apoiando na eliminação do Hamas de uma vez por todas", disse um soldado a Biden.
Mais tarde, o Hamas e testemunhas disseram que Israel estava bombardeando o distrito de Zeitoun, na Cidade de Gaza, e o braço armado do grupo afirmou ter disparado mais foguetes contra a maior cidade de Israel, Tel Aviv, nesta quarta-feira, devido ao que chamou de ataques israelenses contra civis de Gaza.
As sirenes soaram no centro de Israel, mas não houve relatos imediatos de vítimas ou danos.