Por Humeyra Pamuk
CAIRO (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que voltará a Israel na segunda-feira para conversar “sobre o caminho adiante” depois de vários dias de contatos diplomáticos com os países árabes, que compartilharam com os EUA a determinação de assegurar que o conflito de Israel com o grupo militante Hamas não se espalhe pela região.
O principal diplomata dos Estados Unidos chegou a Israel na quinta-feira, no momento em que o país prepara uma ofensiva por terra na Faixa de Gaza, em resposta ao mortal ataque do Hamas contra civis. Ele também esteve em Catar, Jordânia, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito.
O conflito trouxe preocupações internacionais de que possa escalar para uma guerra regional no Oriente Médio, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, alertou neste domingo que “as mãos de todas as partes da região estão no gatilho”.
“Há uma determinação em cada país que visitei, que é a de assegurar que esse conflito não se espalhe”, afirmou Blinken enquanto se preparava para deixar o Cairo. “Eles estão usando sua própria influência, seus próprios relacionamentos, para garantir que isso não aconteça.”
O secretário de Estado se encontrou com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, em Riad, e em seguida com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, no Cairo. Lá, ele ouviu uma avaliação do egípcio de que a resposta de Israel ao ataque do Hamas que matou 1.300 pessoas foi desproporcional.
“A reação foi além do direito à legítima defesa, transformando-se em punição coletiva para 2,3 milhões de pessoas em Gaza”, afirmou Sisi a Blinken.
Israel prometeu aniquilar o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, depois de seus combatentes terem atacado cidades israelenses há oito dias, atirando em homens, mulheres e crianças, e tomando reféns depois daquele que foi o maior ataque contra civis do país na história.
Caças e artilharia israelenses já sujeitaram Gaza ao bombardeio mais intenso que a região já viu, colocando o enclave sob cerco total. Autoridades de Gaza afirmam que mais de 2.450 pessoas morreram.
A diplomacia internacional tem se concentrado em não deixar o conflito se espalhar, principalmente para o Líbano. Os EUA estão tentando especificamente conter o Irã, que apoia o Hamas e o grupo Hezbollah, no Líbano, cujos militantes trocaram ataques com Israel, na fronteira, durante a última semana.
Blinken disse que os Estados Unidos deixaram claro que ninguém deve se aproveitar da situação na região. “Apoiamos nossas promessas com ações concretas, incluindo o destacamento dos nossos dois maiores grupos de batalha de porta-aviões na região. Isso não é método de provocação, é de dissuasão”, afirmou. “Ninguém deve tentar colocar mais combustível no fogo em qualquer outro lugar.”