(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro defendeu neste sábado a participação de policiais militares nas manifestações marcadas para o dia 7 de setembro e garantiu que não irá recuar de suas posições, em meio à forte tensão entre os Poderes Executivo e Judiciário.
"Ou falo o que os caras querem ou abrem inquérito contra mim. Estão achando que vão me brochar, estão achando que vou recuar. Sei que estar do lado deles é muito fácil, mas não vou fugir da verdade nem do compromisso que fiz com vocês", disse Bolsonaro na conferência de direita CPAC, em Brasília.
Bolsonaro é alvo de vários inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles o das fake news e o do vazamento de dados sigilosos sobre investigação da Polícia Federal relacionada à ataque hacker contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, não relacionado às eleições daquele ano.
Nas últimas semanas, Bolsonaro tem subido o tom especialmente contra os ministros do Supremo Alexandre de Moraes, relator desses inquéritos, e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do TSE e contrário ao voto impresso para urnas eletrônicas, bandeira cara ao chefe do Executivo.
O presidente aproveitou discurso no mesmo evento neste sábado para defender a participação de PMs nos atos de terça-feira.
“Hoje vocês veem alguns governadores ameaçando expulsar policiais militares, que por ventura estejam de folga dia 7, e compareçam para festejar o 7 de setembro. Se falarmos ‘não sou policial militar, não tenho nada a ver com isso’, aguarde que sua hora vai chegar”, afirmou.
Nas redes sociais, militares e policiais militares --na maioria dos casos, da reserva, já que os da ativa são proibidos por lei de estarem em atos políticos-- participam das convocações para as manifestações de 7 de setembro.
Fala-se na participação de "milhares de policiais", apesar das ameaças de governadores e do Ministério Público de punir e processar aqueles que decidirem comparecer mesmo contra a lei.
Uma das bases mais fortes hoje do bolsonarismo, a participação de policiais militares preocupa os governadores pelo potencial de violência que pode vir de homens armados e atraídos pela ideia de dar endosso às ameaças veladas de golpe de Bolsonaro.
(Redação São Paulo)