BRASÍLIA (Reuters) - Em um discurso de praticamente uma hora, o presidente Jair Bolsonaro usou sua fala em um evento com empresários, nesta segunda-feira, para alertar o público sobre uma possível "eleição conturbada" e pedir votos.
Durante evento do setor de supermercados, em São Paulo, Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre o sistema de votação no país, e também disse mais uma vez que jamais será preso.
"O Brasil tem jeito, vocês foram excepcionais nessa pandemia, mas tudo pode acontecer. Podemos ter outra crise, podemos ter umas eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar para um lado ou para o outro a suspeição de que elas não foram limpas? Não queremos isso", afirmou Bolsonaro, entre ataques aos opositores, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Exaltado, em um discurso aos gritos e com vários palavrões, Bolsonaro fez uma coletânea dos ataques que costuma levantar em seus discursos, das políticas de gênero ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro, à frente de Bolsonaro.
"Ou nós decidimos no voto, para valer, contabilizado, auditado, ou a gente se entrega. E se entregar, vocês vão levar 50 anos ou mais para voltar à situação que está hoje em dia", disse.
O presidente insistiu ainda para que os empresários presentes convencessem as "pessoas humildes" sobre "o que vai acontecer no país" se vier o "outro lado".
As pesquisas eleitorais têm demonstrado que Bolsonaro perde nas camadas mais pobres da população, especialmente no segmento de renda até dois salários mínimos e de dois a cinco salários.
"Dá para evitar (a volta do PT ao poder)? Dá. O trabalho vem de cada um de vocês, conversar com os humildes da sua casa. Não é com o seu homônimo (sic) do lado não, isso é perder tempo. Ou passar mensagem para o grupo de zap que já são todos convertidos", pediu Bolsonaro aos empresários.
Em uma série de ataques a decisões do STF, Bolsonaro defendeu os atos de 7 de setembro do ano passado, e chamou de "imbecis" quem os via como ameaça. Os atos estão sob investigação do STF como antidemocráticos.
"Mais da metade do tempo eu me viro contra processos. Até já falam que vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso", disse.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)