Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro relatou nesta terça-feira que pediu o fim de embargos sobre fertilizantes e o livre fluxo do produto pelo mundo em encontro nesta semana com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala.
O presidente, que disse ter recebido da diretora da OMC um pedido para que o Brasil aumente sua exportação de alimentos, afirmou que aproveitou a oportunidade para mencionar os fertilizantes e a escalada de preços do insumo.
"Veio para mim dizer, pedir, para que nós exportássemos mais alimentos. Os senhores sabem que nós não temos estoque para isso. Aproveitei o momento, dada a importância dessa senhora, pedi para ela que embargos de fertilizantes não ocorram no mundo todo, bem como esses fertilizantes não continuem aumentando de preço", disse o presidente em cerimônia de lançamento da "Marcha para Jesus", confundindo o cargo e a instituição de Ngozi Okonjo-Iweala, referindo-se a ela como a "presidente da OCDE" (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Boa parte dos fertilizantes utilizados pelo Brasil, que importa cerca de 85% de seu consumo desses produtos, era proveniente da Rússia e da Belarus, ambos países alvos de sanções devido à invasão militar russa à Ucrânia.
O presidente disse que a escassez de fertilizantes pode provocar "a guerra mais cruel que se possa imaginar, a guerra da segurança alimentar".
"E nós sabemos do velho ditado: em casa onde falta pão todos brigam e ninguém tem razão", acrescentou.
Em meio à alta nos preços e da escassez dos fertilizantes, o governo brasileiro lançou em março um plano nacional com o objetivo de reduzir a dependência do país de 85% para 45% desses insumos em 2050. O plano também tem a intenção de, no médio prazo, aumentar a produção nacional de fertilizantes.