Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro dobrou na noite desta quinta-feira a aposta em ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, e ainda criticou declaração do presidente da corte, Luiz Fux, em que reagiu ao chefe do Executivo e anunciou o cancelamento unilateralmente de reunião que ocorreria entre os chefes dos Poderes.
Em sua tradicional live, Bolsonaro não deu sinais de estar disposto a uma trégua na escalada de tensão entre Executivo e Judiciário, apesar de afirmar que está aberto ao diálogo. Ele sugeriu que Fux estaria mal informado por ter citado informações da mídia ao fazer um discurso em resposta a Bolsonaro.
Ao final da sessão do plenário desta quinta, o presidente do Supremo rebateu os ataques de Bolsonaro a ministros da corte, afirmou que o chefe do Executivo reitera inverdades e anunciou o cancelamento de uma reunião que ocorreria entre os chefes dos Poderes.
Segundo Fux, quando se atinge um ministro do Supremo, se atinge a corte como um todo. O presidente do STF criticou também o que chamou de afirmações equivocadas de Bolsonaro sobre decisões do Supremo e suas acusações ao sistema de votação brasileiro.
Na transmissão, Bolsonaro disse que não estava "atacando" o STF, mas questionando a conduta de Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e contrário à adoção do voto impresso para urnas eletrônicas, e de Moraes, que acatou pedido de Barroso para incluir Bolsonaro no rol de investigados do inquérito das fake news em curso no Supremo.
Para o presidente, o Supremo é uma instituição importante para o Brasil, embora o comportamento de alguns ministros "não seja condizente com a democracia".
O presidente disse que quer conversar com o presidente do TSE, mas alertou que é preciso que cada um conheça "os seus limites". Ele também disse querer saber "onde vai dar" o inquérito das fake news, relatado por Alexandre de Moraes.
"Até em guerra os comandantes adversários conversam, até para saber se querem armistício", afirmou.
Bolsonaro disse que nunca jogou fora das quatro linhas da Constituição e ainda defendeu estar aberto ao diálogo entre os Poderes, tendo instado Fux e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a se reunirem.
Na véspera, porém, Bolsonaro ameaçou reagir fora dos limites da Constituição após se tornar alvo de inquérito no Supremo que vai investigar seus ataques ao sistema eleitoral.