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Bolsonaro é internado com obstrução intestinal e fará tratamento conservador inicialmente

Publicado 14.07.2021, 14:34
© Reuters. Presidente Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva em Brasília
12/07/2021 REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro deu entrada na noite desta quarta-feira em um hospital particular de São Paulo para ser submetido a exames após ter sentido fortes dores abdominais e ser diagnosticado com obstrução intestinal, e será submetido inicialmente a tratamento clínico conservador enquanto médicos avaliam a necessidade de uma cirurgia.

"O senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, foi transferido na noite desta quarta-feira para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após passar por uma avaliação no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, e ser diagnosticado com um quadro de suboclusão intestinal. Após avaliações clínica, laboratoriais e de imagem realizadas, o presidente permanecerá internado inicialmente em tratamento clínico conservador", disse o Vila Nova Star em nota assinada pela equipe médica.

Bolsonaro, com 66 anos, foi hospitalizado de madrugada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, por orientação da equipe médica para determinar a origem de uma crise crônica de soluço que vinha afetando o presidente há vários dias, de acordo com nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). Segundo o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, o pai chegou a ser levado para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e precisou ser intubado.

"Ele foi realmente para uma Unidade de Tratamento Intensivo para ficar em observação, com cuidados melhores. Chegou a ser intubado, sim, para evitar que ele broncoaspirasse o líquido que estava vindo do seu estômago. Isso já havia acontecido em uma cirurgia passada que ele fez", disse o filho do presidente em entrevista à rádio Jovem Pan.

A decisão de levar Bolsonaro de Brasília para o hospital Vila Nova Star, em São Paulo, foi tomada pelo cirurgião Antonio Macedo, que operou Bolsonaro algumas vezes depois da cirurgia de emergência a que ele se submeteu na Santa Casa de Juiz de Fora (MG) logo após levar uma facada durante um evento da campanha eleitoral de 2018.

"Após exames realizados no HFA, em Brasília, o dr. Macedo, médico responsável pelas cirurgias no abdômen do presidente da República, decorrentes do atentado a faca ocorrido em 2018, constatou uma obstrução intestinal e resolveu levá-lo para São Paulo, onde fará exames complementares para definição da necessidade, ou não, de uma cirurgia de emergência", disse a nota da Secom.

Após a divulgação da nota do governo, Bolsonaro disse em sua conta no Twitter que enfrenta um novo desafio decorrente do atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral. "Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato", escreveu o presidente no tuíte.

Em uma postagem com uma foto dele no leito do HFA, Bolsonaro afirmou: "Estaremos de volta em breve, se Deus quiser."

AGENDA SUSPENSA

Pouco após a nota da Secom, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que a agenda de compromissos oficiais do presidente foi suspensa inicialmente por 48 horas.

"De início foi suspensa por 48 horas e a gente vai aguardar o que o médico, doutor Macedo, vai falar após a realização dos exames lá em São Paulo. Acredito que até amanhã a gente tenha essa resposta", disse Faria.

Em falas anteriores à nota da Secom, tanto Fábio Faria quanto o ministro da Casa Civil, Luiz Ramos, destacaram que Bolsonaro estava bem e que aguardava os resultados dos exames aos quais ele se submeteu no HFA.

Flávio Bolsonaro disse, em entrevista a jornalistas, que conversou com o pai e com o médico pelo telefone, e que o presidente estava bem. Segundo o senador, o médico disse que, caso necessária, a cirurgia será "sem nenhuma gravidade".

Na entrevista à Jovem Pan, Flávio afirmou que Bolsonaro deve passar alguns dias em observação, mas ressaltou que todas as medidas foram tomadas por precaução. O parlamentar também revelou que o presidente chegou a ser internado no fim de semana para observação e realização de exames após apresentar um quadro de dificuldades para dormir, muito soluço e apneia.

Desde o atentado a faca em 2018, Bolsonaro passou por seis cirurgias na região abdominal e havia a perspectiva de realizar uma sétima em breve para correção de uma hérnia no local.

SOLUÇOS

Nos últimos dias, Bolsonaro tem apresentado soluço frequente, inclusive em suas falas diárias a apoiadores, em eventos públicos e, semana passada, na transmissão que faz ao vivo todas as quintas-feiras nas redes sociais.

Na semana passada, em entrevista à rádio Guaíba, Bolsonaro disse que estava com soluço há alguns dias após ter realizado um procedimento dentário. "Estou com soluço há cinco dias. Fiz uma cirurgia para implante dentário no sábado. Talvez em função dos remédios que eu estou tomando, estou 24h por dia com soluço", disse.

Desde então o presidente tem sofrido com os soluços em praticamente todas as aparições públicas e diversas vezes se queixou do problema.

Bolsonaro também já se referiu a problemas estomacais e disse que, nesses casos, toma Coca-Cola. "Vou abrir o jogo. Amanhã vou até ser criticado. Quando tenho problema de estômago, alguém sabe o que eu tomo? Coca-Cola. E fico bom. É problema meu. O bucho é meu. Talvez meu bucho corroído me salvou da facada do Adélio", afirmou o presidente em sua transmissão semanal pelas redes sociais em maio, referindo-se a Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada contra Bolsonaro em 2018.

Apesar das cirurgias e internações causadas pelo atentado que sofreu, o presidente aparenta gozar de boa saúde. O presidente teve Covid-19 no ano passado.

© Reuters. Presidente Jair Bolsonaro no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, em foto obtida das redes sociais
INSTAGRAM @jairmessiasbolsonaro via REUTERS

Por causa da hospitalização de Bolsonaro, foi cancelada uma reunião marcada para esta quarta entre ele e os chefes dos demais Poderes para discutir a estabilidade nacional, após Bolsonaro ter ameaçado não aceitar o resultado das eleições de 2022 se não houver a implantação do voto impresso.

"O encontro será oportunamente reagendado", informou a assessoria de imprensa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, em nota em que informou o cancelamento.

(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Eduardo Simões, em São Paulo; e Maria Carolina Marcello, em Brasília)

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