Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro moderou o tom, nesta segunda-feira, ao afirmar que caso não consiga a aprovação do Congresso Nacional para a adoção do voto impresso nas próximas eleições, partirá para a defesa da contagem pública da votação.
As declarações de Bolsonaro ocorrem após encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e na esteira de um acirramento do clima entre os três Poderes nas últimas semanas diante das reiteradas falas do presidente sobre a possibilidade de não realização de eleições, caso não seja aprovada no Congresso proposta que institui o voto impresso.
Questionado nesta segunda após a conversa com Fux se haverá eleição caso não seja aprovado voto impresso, Bolsonaro afirmou que "aí nos vamos bater na tecla da contagem publica dos votos" -- o que não o impediu de insistir na defesa do que chama de voto auditável.
"Me acusam tanto de ser ditador... estou querendo transparência", argumentou. "Não é o retorno ao voto em papel, é uma maquininha que imprime o voto, você não tem contato manual com o papel, e cai dentro da urna. Queremos transparência, só isso", explicou.
Dentre as declarações polêmicas mais recentes que provocaram reações no Legislativo e no Judiciário, o presidente chegou a levantar a hipótese, sem apresentar provas, de que houve fraude em eleições passadas. Bolsonaro também sugeriu que o próximo pleito estaria comprometido e chegou a dizer que não passaria a faixa ao vencedor, caso considere que a disputa não tenha ocorrido de forma limpa.
Depois de fazer ataques duros ao ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, a quem chamou de "imbecil" e "idiota" por sua posição contra o voto impresso, Bolsonaro disse nesta segunda que está "tendo problema" com o ministro.
"Não conseguimos entender a posição do presidente do TSE no tocante ao voto impresso", disse. "Se o próprio ministro do TSE diz que o sistema é confiável, se você tiver algum problema, você recorre para quem?"
Bolsonaro também afirmou ter assinado resposta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que pede mais tempo para apresentar provas das supostas fraudes. Segundo ele, o especialista que iria fazer uma apresentação sobre o tema a ele nesta semana estaria acometido e debilitado por Covid-19.