SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro comprou briga com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), neste domingo, ao criticar o aumento de quase três vezes no valor destinado ao fundo eleitoral, ao mesmo tempo em que defendeu os parlamentares que aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que inclui o fundo.
Em entrevista coletiva ao deixar o hospital em São Paulo onde estava internado, Bolsonaro disse que o "responsável por aprovar isso daí é o Marcelo Ramos".
Bolsonaro disse que o Parlamento "descobriu" o problema e tentou fazer a votação de um destaque sobre o fundo eleitoral, mas, na avaliação do presidente, Ramos "atropelou, ignorou, passou por cima e não botou em votação o destaque".
"Os parlamentares aprovaram a LDO, é um documento enorme, com vários anexos, tem muita coisa lá dentro, muitos parlamentares tentaram destacar essa questão, o responsável por aprovar isso daí é o Marcelo Ramos", disse Bolsonaro, defendendo os parlamentares que votaram a favor da LDO.
"Ele (Ramos) que fez isso tudo, porque se tivesse sido destacado talvez o resultado teria sido diferente... num projeto enorme alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba."
O Congresso Nacional aprovou na quinta-feira a LDO para 2022, incluindo um fundo eleitoral ampliado para 5,7 bilhões de reais.
O presidente disse que com esses recursos os ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) poderiam fazer obras importantes. Sem se comprometer em vetar o aumento do fundo eleitoral, Bolsonaro disse que vai buscar uma solução.
"Eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar dar um bom final para isso daí."
Nas redes sociais, Ramos rebateu Bolsonaro e o desafiou a vetar a medida.
"Ele deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações", disse Ramos no Twitter.
"@jairbolsonaro sabe que está mentindo! O governo dele enviou LDO c/ fundão eleitoral. Líderes do governo e filhos do Bolsonaro votaram a favor do fundão. Nem votei por estar presidindo a sessão. Presidente, você tem a caneta p/ vetar. Seja homem, assuma suas responsabilidades!", acrescentou.
(Por Alexandre Caverni)