BRASÍLIA (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) voltou a sugerir nesta segunda-feira que pode não aceitar o resultado das urnas, questionou mais uma vez, sem apresentar provas, a integridade do sistema eleitoral e também colocou em dúvida a isenção de ministros da Justiça Eleitoral e de institutos de pesquisa.
Em entrevista à TV Record, Bolsonaro voltou a questionar os resultados de pesquisas eleitorais, que têm apontado vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com chance, inclusive, de vencer o pleito no primeiro turno, no domingo.
"Olha, eu vou esperar o resultado", disse Bolsonaro ao ser questionado se aceitará o resultado das eleições caso seja derrotado.
"Nas ruas eu nunca vi, eu tenho falado nos meus pronunciamentos, como falei em Campinas, que um candidato tem 45% das intenções de voto sem poder sair às ruas. Sem poder se dirigir ao público. E o que é a democracia? É a vontade popular. A gente não está vendo a vontade popular expressa nos institutos de pesquisa –em especial o Datafolha– e muito menos dentro do TSE", afirmou.
A menos de uma semana do primeiro turno de domingo, nova pesquisa do Ipec mostrou nesta segunda que Lula teve uma oscilação positiva de 1 ponto percentual, passando a 48% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro se manteve estável com 31%, mesmo indicador do último levantamento.
Considerando apenas os votos válidos, quando são descartados os brancos e nulos, o Ipec apontou a possibilidade de Lula garantir sua eleição no próximo domingo. O petista conta com 52% dos votos válidos, repetindo o mesmo patamar da semana passada.
Além de desacreditar os institutos de pesquisa, Bolsonaro também sugeriu haver atuação parcial de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente disse que "os juízes que tiraram o Lula da cadeia e o tornaram elegível são exatamente os mesmos que conduzem o processo eleitoral brasileiro e que tudo dificultam para que a Comissão de Transparência Eleitoral consiga participar para evitar a possibilidade de questionamentos ao tema das eleições".
O TSE nega a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e já reiterou diversas vezes que elas são seguras e invioláveis. Também promoveu testes de integridade do sistema eletrônico, além de ter criado a Comissão de Transparência Eleitoral para a qual as Forças Armadas foram convidadas, junto com representantes de outros órgãos, como o Congresso Nacional.
Bolsonaro disse que não teria problemas com o resultado em eleições que ele considere "limpas", mas, perguntado como iria diagnosticar a forma como foram realizadas, saiu-se com uma resposta pouco explicativa.
"Assim como você não tem hoje em dia como comprovar um processo eleitoral, o outro lado não tem como comprovar que ele foi sério também", disse.
O presidente, que acusou o TSE de agir com "má vontade enorme" para acatar sugestões das Forças Armadas na Comissão de Transparência Eleitoral, afirmou que há uma "última cartada" em jogo: Forças Armadas, Controladoria Geral da União (CGU) e Ministério da Justiça encaminharam ao TSE uma relação de nomes de técnicos a serem autorizados a permanecerem dentro da corte para acompanhar a apuração.
"Eu acho que com isso as chances de fraude não zeram, chegam próximo a zero. Zerado somente com voto impresso, a exemplo do que acontece nas eleições do Paraguai", defendeu o presidente, cuja proposta de implantação do voto impresso foi derrotada pelo Congresso.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)
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