Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil vai defender, na COP 28, uma aceleração do cumprimento das metas ambientais por parte de países desenvolvidos e também parcerias com países em desenvolvimento para permitir avanços mais rápidos nas medidas de contenção das mudanças climáticas, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em uma entrevista à imprensa internacional nesta segunda-feira.
"Vamos sugerir na COP um corredor de velocidade, onde países que possam caminhar mais rápido possam fazê-lo", disse a ministra, esclarecendo que essa é uma proposta de diversos países.
"Estamos considerando que aqueles que podem caminhar mais rápido que assim o façam, porque não é justo que tenham meios necessários e cobrem que países mais pobres tenham a mesma velocidade", defendeu.
A proposta envolve ainda a ideia de parcerias, em que países mais ricos se associem a países em desenvolvimento para apoiar ações de mitigação e de combate a mudanças climáticas. A ideia é que o apoio possa ser de diversas formas, seja com abertura de mercados, parcerias tecnológicas, ou mesmo recursos financeiros.
"É um mecanismo interessante porque mantém o princípio das responsabilidades diferenciadas, mas aqueles que podem ampliar e acelerar as suas responsabilidades, que se crie os meios para se fazer", disse a ministra.
O governo brasileiro vai apresentar uma série de medidas durante a COP, que começa na próxima semana, em Dubai, com intenção de cumprir e acelerar as próprias metas. Entre elas está a proposta de recuperação de terras degradadas.
O governo tem um plano de recuperar pastagens degradadas financiando a mudança da destinação das áreas para lavouras que, com algumas medidas, como plantio direto, ajudam no sequestro de carbono.
Uma outra proposta, do MMA, é para áreas de florestas, com a intenção de cumprir a meta de recuperação de 12 milhões de hectares até 2030. Segundo a ministra, a proposta envolve a restauração de áreas naturalmente e o replantio de outras com espécies nativas, que podem ser feitas com concessões para projetos agroflorestais.
"Temos cerca de 7 milhões de hectares que estão abandonados há mais de seis anos e são próprias para projetos de restauração natural", disse a ministra.