Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que irá ignorar carta encaminhada pela direção da CPI da Covid no Senado pedindo um posicionamento sobre acusação do deputado Luís Miranda (DEM-DF) de que ele teria relacionado o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), com supostas irregularidades na compra da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin.
Bolsonaro recomendou, ainda, na tradicional transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais, que o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Omar Aziz (PSD-AM), o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), "deitem" para esperar uma resposta à carta assinada por eles, que foi protocolada na tarde desta quinta-feira no Palácio do Planalto.
"Hoje foi, acho que não sei se foi o Renan, ou o Omar, e o saltitante, fizeram uma festa lá embaixo, na Presidência. (Vieram) entregar um documento para eu responder pergunta à CPI", disse Bolsonaro.
"Vocês sabem qual a minha resposta, pessoal? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada", acrescentou.
O presidente voltou a negar qualquer irregularidade no processo de compra da Covaxin, sob o argumento de que não foi recebida nenhuma dose da vacina. O governo federal chegou a empenhar recursos para a compra, mas o contrato foi suspenso após as denúncias.
Bolsonaro também reforçou a carga contra os dirigentes da CPI, sustentou que a comissão tem o interesse de desgastar o governo e acusou os integrantes do chamado G7 --grupo majoritário na comissão formado por senadores independentes e de oposição-- de não estarem "preocupados com a verdade".
"Não vou entrar em detalhe sobre essa CPI aí desse, do Renan Calheiros e do Omar Aziz, que dispensa comentários. E não vou responder nada para esses caras. Eu não vou responder para esse tipo de gente em hipótese alguma."
Assinada por Aziz, Randolfe e Renan, a carta protocolada mais cedo pede uma resposta de Bolsonaro sobre o que foi dito por Luís Miranda em depoimento à CPI.
Segundo o deputado federal, que afirma ter apresentado pessoalmente a Bolsonaro no Palácio da Alvorada indícios de irregularidades no contrato para a compra da Covaxin, o presidente respondeu ao relato dizendo ser "coisa do Ricardo Barros". Bolsonaro ainda não comentou a declaração de Miranda sobre Barros, ocorrida em 25 de junho.
"Somente vossa excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros, o qual serve seu governo em uma função proeminente", sustentam os senadores na carta endereçada ao presidente da República.