Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -A campanha do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ingressou nesta sexta-feira com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a remoção das redes sociais de vídeo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compara o ato de 7 de Setembro convocado por Bolsonaro a uma reunião da Ku Klux Klan (KKK), grupo supremacista branco dos Estados Unidos.
Em um comício em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na véspera, Lula acusou Bolsonaro de tomar para si as comemorações do feriado da Independência, e a seguir fez a comparação com a KKK. "Ele se apoderou de uma festa que é de 215 milhões de brasileiros e fez uma festa pessoal. Foi muito engraçado, que no ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Kan. Só faltou o capuz. Porque não tinha um negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador", disse.
Lula voltou a fazer a comparação em entrevista coletiva nesta sexta no Rio de Janeiro, mas disse que se referia apenas às pessoas no palanque de Bolsonaro em Copacabana, grupo composto, segundo o ex-presidente, apenas por pessoas da "elite".
Na ação, os advogados de Bolsonaro afirmam que a "odiosa ofensa" perpetrada por Lula ao candidato à reeleição "já seria indesculpável”, e consideram que a fala ataca os “milhões de brasileiros que se dirigiram com suas famílias ao evento para celebrar o amor à pátria" no feriado da independência.
"Segundo Lula, os brasileiros orgulhosos do seu país, presentes ao evento, 'não eram trabalhadores', mas sim algo próximo de vagabundos e racistas", acrescenta a ação.
Para a campanha do presidente, a fala tem por objetivo minar de forma desonrada e ilícita os efeitos positivos do que consideram a "enorme adesão espontânea e natural" ao evento de 7 de Setembro.
"De fato, conforme estratificado no vídeo, fica nítido o ilícito propósito de enraizar no imaginário das pessoas que o presidente Jair Bolsonaro é uma pessoa que odeia 'negros, pardos e pobres', o que não é verdade e não está, obviamente, no campo do debate político sadio, no campo da liberdade de expressão, mas no do vil discurso de ódio", criticou.
Bolsonaro participou de dois atos no 7 de Setembro, o primeiro em Brasília e um segundo em Copacabana, no Rio de Janeiro.
A coligação do presidente pediu ao TSE pede que a chapa adversária seja notificada e apresente esclarecimentos. Em seguida, quer que o TSE remova o vídeo com essas declarações das redes sociais do adversário.
Bolsonaro e aliados também reagiram às falas de Lula. "Associar as milhões de famílias que foram pacificamente às ruas manifestar seu amor pelo Brasil no dia de nossa Independência a um grupo terrorista, racista e antissemita, como a Ku Klux Klan, é de longe a maior e mais covarde ofensa ao povo brasileiro que já vi em minha vida", disse o presidente no Twitter.
(Reportagem adicional de Maria Carolina MarcelloEdição de Pedro Fonseca)