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Campanha e aliados de Bolsonaro definem tom para lidar com prisão de ex-ministro

Publicado 22.06.2022, 12:21
© Reuters. Presidente Jair Bolsonaro ao lado de Milton Ribeiro durante cerimônia no Palácio do Planalto
04/02/2022 REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A declaração do presidente Jair Bolsonaro de lamentar a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pela Polícia Federal nesta quarta-feira, mas destacar que o ex-auxiliar responderá por seus atos caso tenha feito algo de errado deu o tom de como a pré-campanha presidencial e aliados do presidente lidarão com o caso.

Nesta manhã, uma fonte da pré-campanha afirmou que Bolsonaro já deu a linha de atuação, dizendo que o caso está sendo investigado, que há possibilidade de Ribeiro ser inocente e que a Polícia Federal trabalha de forma independente. Apesar disso, essa fonte reconheceu o desgaste para a campanha de Bolsonaro à reeleição.

"É como a questão do Milton, lamento. A imprensa vai dizer que está ligado a mim, etc. Paciência. Se tiver algo de errado, ele vai responder. Se tiver.. Se for inocente, sem problema. Se for culpado, vai pagar", disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Itatiaia, ao destacar que o governo não compactua com irregularidades.

Na mesma linha, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, usou discurso similar ao comentar o caso. "Sobre o caso de Milton Ribeiro, essa é a prova de que investigações têm total autonomia e não são barradas pelo governo, como a esquerda afirma", disse.

"E sigo o que o Presidente @jairbolsonaro sempre pregou e continua seguindo: se fez algo errado, que pague por isso", acrescentou ele, no Twitter.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), destacou, por meio da mesma rede social, que é preciso aguardar a conclusão das apurações. "Muitos que foram presos, hoje estão inocentados após conclusão das investigações. Espero que seja esse o caso do reverendo Milton Ribeiro", disse.

O atual ministro da Educação e ex-secretário-executivo da pasta na época dos fatos, Victor Godoy, também seguiu o roteiro traçado, destacando que o "nosso governo não compactua com qualquer irregularidade ou desvio", e disse que, se ocorreu algo, foi de "forma velada". Repetindo o que disse o presidente, Godoy afirmou que, se comprovada a culpa de quem quer que seja, que responda pelos seus atos.

DESGASTE

Contudo, a fonte ligada à pré-campanha à reeleição de Bolsonaro admitiu que o caso gera mais desgaste na empreitada eleitoral. Na avaliação dessa fonte, num momento em que a alta da inflação já pesa na pré-campanha, será necessário lidar com um fato que atinge a bandeira do combate à corrupção, sempre levantada por bolsonaristas.

A avaliação da fonte é que o caso coloca Bolsonaro no mesmo balaio o PT, cujos governos atravessaram problemas com as investigações do escândalo do mensalão e da Lava Jato.

Parlamentares da oposição já falam em ressuscitar um pedido de CPI sobre eventuais irregularidades no Ministério da Educação e querem também uma devassa no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), apontado como epicentro do suposto balcão de negócios montado na pasta para liberação de verbas a prefeituras.

Ainda assim, a fonte disse que, apesar da exploração que ocorrerá do caso, há uma farta documentação sobre delitos cometidos em governos do PT.

© Reuters. Presidente Jair Bolsonaro ao lado de Milton Ribeiro durante cerimônia no Palácio do Planalto
04/02/2022 REUTERS/Adriano Machado

Em março, época em que surgiram as denúncias em torno da atuação de Ribeiro no ministério, e antes do afastamento do então ministro do cargo, Bolsonaro afirmou em uma de suas transmissões semanais nas redes sociais que colocaria a "cara no fogo" por Ribeiro.

"O Milton --é coisa rara o que eu vou falar aqui-- eu boto a minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele", disse o presidente na ocasião.

Dias depois da manifestação de confiança de Bolsonaro, Ribeiro pediu demissão do cargo na esteira da divulgação de áudios que apontavam para existência de um balcão de negócios na pasta, envolvendo a intermediação de pastores evangélicos, para a liberação de recursos do ministério para prefeituras.

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