Por Sérgio Queiroz e Ricardo Moraes
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Em um rio cheio de lixo no Rio de Janeiro, pessoas de passagem observam boquiabertas enquanto Luiz Fernando Barreto flutua em sua casa montada com madeira, pedaços de plástico e metal recolhidos do lixo.
Conhecido localmente como "Luiz Bispo", o homem de 55 anos que se considera artista e filósofo tem até sua própria pequena piscina circular e um carro estacionado na embarcação.
"Eu tenho uma satisfação pessoal incrível de saber que eu o construí a partir de material achado. Estava ali, abandonado, de certa forma poluindo", disse ele de dentro de sua embarcação, com suas janelas feitas a partir de armários antigos.
O principal objetivo de sua casa flutuante, segundo Barreto, é fazer com que os políticos prestem atenção às questões ambientais.
O esgoto sem tratamento e o lixo tomaram as águas do rio Pavuna, que Barreto chama de casa na capital fluminense. Ele pega água suja do rio e lança em um recipiente que utiliza para filtrar resíduos plásticos e lixo da água, que goteja de volta para o rio.
"Se tem um produto no planeta que realmente é valioso não é o diamantes, não é o ouro", disse, sentando em um banco de carro esportivo velho fixado em sua jangada. "A água sempre teve o valor dela e sempre terá. Sem água, sem vida".
Barreto, que cresceu em uma das muitas favelas cariocas, disse que espera que ativistas ambientais como a sueca Greta Thunberg possam ver os problemas do Rio, principalmente na poluída Baía de Guanabara.
"Venham ao Rio de Janeiro, venham nos ajudar, venham dar um passeio na Baía da Guanabara, no meu barquinho. É humilde, mas é feito todo de material reciclado. Venham tomar um banho na minha piscina, a água é limpinha. Vem, Greta, me ajudar a despoluir a Baía de Guanabara".