Por Marco Aquino e Stefanie Eschenbacher
LIMA (Reuters) - O encerramento da apuração dos votos na eleição presidencial peruana nesta terça-feira mostrou que o candidato socialista Pedro Castillo manteve sua estreita margem sobre a rival conservadora Keiko Fujimori, concluindo as eleições de segundo turno do dia 6 de junho.
Castillo terminou a contagem com 44.058 votos a mais, mas pode enfrentar ainda possíveis contestações jurídicas de Keiko Fujimori, que fez acusações de fraude com poucas provas e tentou fazer com que alguns votos fossem anulados.
A ascensão repentina do professor de 51 anos estremeceu as elites políticas e empresariais do Peru, e pode ter um grande impacto na indústria de mineração do segundo maior produtor de cobre do mundo, já que Castillo planeja aumentos expressivos nos impostos ao setor.
"Votos apurados 100%. A vitória pertence ao professor", disse o partido socialista Peru Livre no Twitter.
Castillo prometeu mais cedo que não permitirá que rivais quebrem a vontade do povo e tentem reverter as eleições. O país viu apoiadores de ambos os lados tomarem as ruas em manifestações nos últimos dias.
Filho de camponeses, Castillo alcançou 50,125% dos votos, enquanto Keiko, a filha mais velha do ex-presidente Alberto Fujimori, hoje preso, teve 49,875% dos votos.
Castillo disse a jornalistas na sede de seu partido em Lima que irá respeitar as autoridades eleitorais, e pediu que elas acabassem com a incerteza e confirmassem rapidamente o resultado.
"Não vamos permitir que um povo oprimido continue sendo discriminado por mais anos", disse Castillo. "As coisas foram colocadas na mesa de maneira democrática, e precisa haver um caminho democrático para resolver."
Pelo Twitter, Keiko Fujimori disse na segunda-feira que "estamos apenas pedindo uma votação limpa e para que todas as irregularidades sejam averiguadas. Não vamos desistir".
Observadores da eleição afirmaram que pode levar semanas até que as autoridades decidam sobre as ações legais e declarem um vencedor para a disputa.
O partido de Castillo rejeita as acusações de fraude, e observadores internacionais em Lima já declararam que as eleições aconteceram de maneira transparente.
O socialista Castillo conseguiu angariar o apoio de eleitores mais pobres que se sentem deixados para trás enquanto o país cresce economicamente. Sua chegada ao poder pode significar uma virada para a esquerda no Brasil, Chile e Colômbia, que escolherão seus líderes neste ano e no próximo.