DUBAI (Reuters) - O cineasta iraniano Jafar Panahi iniciou uma greve de fome na prisão para protestar contra a recusa das autoridades em libertá-lo temporariamente sob fiança enquanto aguarda novo julgamento, informou a agência de notícias ativista HRANA nesta quinta-feira.
Panahi foi detido em julho e disse que cumpriria uma sentença de prisão de seis anos originalmente emitida por um tribunal de Teerã em 2010, em meio a uma repressão intensificada contra dissidência na República Islâmica.
"De acordo com a lei, eu deveria ter sido libertado sob fiança depois que meu pedido de novo julgamento foi aceito, mas meu caso foi adiado por mais de 100 dias", escreveu o diretor de cinema de 62 anos em uma carta, segundo a HRANA.
"Isso contrasta fortemente com os rápidos julgamentos de jovens inocentes que são levados à forca 30 dias após sua prisão", acrescentou o diretor, que ganhou o prêmio Camera d'Or do Festival de Cinema de Cannes por seu filme de 1995 "O Balão Branco".
Não houve reação imediata das autoridades iranianas na mídia estatal ao relato da HRANA.
O judiciário do Irã disse em julho que Panahi cumpriria uma sentença de seis anos por acusações de "propaganda contra o sistema" e incitação a protestos da oposição após a eleição de 2009 que levou a meses de turbulência política.
Desde então, protestos em todo o país desencadeados pela morte sob custódia policial da jovem curda iraniana Mahsa Amini em 16 de setembro de 2022 representaram um dos desafios mais difíceis para a República Islâmica.
Panahi ganhou vários prêmios internacionais, incluindo o Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim de 2015 por seu filme "Taxi".
(Reportagem Redação de Dubai)