Por Joanna Plucinska
VARSÓVIA (Reuters) - Quando Alisa Kovalenko se inscreveu para lutar pela Ucrânia, ela diz que foi motivada pela indignação com a invasão russa de seu país e pelas tristes lembranças da agressão sexual que ela passou durante batalhas com separatistas apoiados por Moscou oito anos antes.
A diretora de cinema, de 34 anos, ganhou notoriedade por seus documentários, incluindo "Sister Zo" e "Alisa in Warland".
Mas, dias depois que as forças russas atacaram em 24 de fevereiro, ela largou sua câmera, suspendeu a maior parte do trabalho em sua última produção e se ofereceu para lutar no front oriental.
Extrovertida e com piercings nas orelhas, ela contou à Reuters sua história nos subúrbios de Kiev, onde mora com seu pai quando não está lutando como soldado perto de Kharkiv.
Ela disse que estava trabalhando em um filme sobre o conflito na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, em 2014, quando foi parada em um posto de controle separatista, levada para interrogatório e depois abusada sexualmente por um oficial russo em um apartamento próximo.
Autoridades russas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre o relato de Kovalenko.
"Acho que eu estava com tanto medo, era como um animal ... Eu nunca tive (esse tipo de) medo antes. Prometi a mim mesma que se uma guerra... atingisse toda a Ucrânia, então eu iria lutar não com minha câmera, mas com uma arma."
Oito anos depois, quando a Rússia enviou dezenas de milhares de soldados pela fronteira no que chamou de "operação militar especial", as lembranças de Kovalenko voltaram à tona.
A perspectiva de lutar em uma invasão completa era assustadora. Mas então ela se lembrou do que ela já havia passado.
"Isso (a agressão sexual) me quebrou. Mas, ao mesmo tempo, não tive medo de nada depois disso", afirmou ela. "Quando fui para a guerra... não tinha tanto medo da guerra."