Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - De um centro cirúrgico que opera em uma Aleppo sob bombardeio ao mar da Grécia, o drama sobre refugiados "The Strangers' Case", do diretor Brandt Andersen, desenrola-se com a densidade e a urgência de um thriller de Hollywood.
E isso não é coincidência, diz a atriz palestino-libanesa Yasmine Al Massri, que interpreta uma médica no centro cirúrgico, salvando a vida de um paciente enquanto outro aponta uma arma para ela.
"Brandt inventou uma nova forma de fazer cinema independente, tornando-o parecido com um blockbuster, mas dedicando o conteúdo ao independente", afirmou.
"Nunca vimos um filme sobre refugiados sírios contado com valores de produção tão elevados."
A produção é implacável na forma como apresenta os dilemas enfrentados pelos protagonistas: a personagem de Al Massri, Amira, forçada em um instante a abandonar tudo para salvar a filha, é apenas a primeira mãe obrigada a tomar uma decisão agonizante.
"Sua missão é sair com a sua filha, porque é nisso que nos tornamos quando somos pais e refugiados. Você só tem uma missão: levar seus filhos para um lugar seguro", afirmou.
Andersen parecia emocionado antes da estreia no Festival de Cinema de Berlim, nesta sexta-feira, enxugando as lágrimas enquanto explicava a visão por trás de um filme no qual trabalhou por mais de uma década.
"Só queria fazer um filme que abordasse esse tema tão importante, mas que também se movesse a um ritmo que os meus filhos estivessem dispostos a ver", disse em uma coletiva de imprensa carregada de emoções.
Repetidamente, o público é confrontado com ambiguidades dolorosas: o impiedoso traficante de pessoas revela-se um pai solteiro que tenta uma vida melhor para o filho amado.
Sombras de outras crises também estavam presentes na coletiva de imprensa, com Al Massri usando um keffiyeh, que simboliza o movimento pela libertação da Palestina. Ela iniciou seus comentários pedindo "cessar-fogo agora", referindo-se à invasão e o bombardeio de Israel na Faixa de Gaza.
(Reportagem de Thomas Escritt)