Por Dan Williams e Nidal al-Mughrabi e Arafat Barbakh
JERUSALÉM/CAIRO/GAZA (Reuters) - Israel retirou tanques de alguns distritos da Cidade de Gaza nesta segunda-feira, disseram moradores, ao anunciar planos de mudança de tática e reduzir o número de tropas, mas os combates seguiram em outras partes do enclave palestino com intenso bombardeio.
Israel argumenta que a guerra em Gaza, que reduziu grande parte do território a escombros, matando milhares de pessoas e mergulhando os seus 2,3 milhões de habitantes em um desastre humanitário, ainda tem muitos meses pela frente.
Mas o país também sinalizou uma nova fase na ofensiva, com um membro das forças armadas anunciando nesta segunda-feira que os militares retirarão tropas de dentro de Gaza este mês e passarão para uma fase de operações de "limpeza" mais localizadas.
O militar israelense disse que a redução de tropas permitirá que alguns reservistas retornem à vida civil, auxiliando uma economia israelense devastada pela guerra, e liberando unidades no caso de um conflito mais amplo no norte com o grupo libanês Hezbollah, que é apoiado pelo Irã.
O fogo de artilharia entre o Hezbollah e Israel tem abalado a fronteira desde o início do conflito em Gaza, com os militares de Israel afirmando ter realizado um ataque aéreo nesta segunda-feira.
Qualquer nova escalada representa riscos de uma guerra regional mais ampla. Combatentes apoiados por Teerã no Iêmen atacaram navios no Mar Vermelho, atraindo uma resposta militar dos EUA, e uma embarcação de guerra iraniana navegou para a hidrovia israelense, segundo relatado pela mídia iraniana nesta segunda-feira.
A guerra em Gaza foi desencadeada por um ataque surpresa do Hamas a cidades israelenses no dia 7 de outubro, que, segundo Israel, matou 1.200 pessoas. As autoridades de saúde palestinas em Gaza, controlada pelo Hamas, afirmam que a ofensiva de Israel naquela região matou mais de 21.978 pessoas.
EMBOSCADAS DE GUERRILHA
A passagem de Israel para uma nova fase do conflito ocorre após o seu bombardeamento inicial e uma invasão terrestre que começou em 27 de outubro. Os ataques aéreos e de artilharia continuaram atingindo todo o enclave durante esse período, deixando grande parte dele em ruínas.
Com tanques e tropas israelenses invadindo a maior parte do norte de Gaza, enquanto ainda avançam para o centro e partes do sul, o Hamas se limita a responder com emboscadas ao estilo guerrilha com túneis e bunkers nas ruas estreitas do enclave.
O Hamas capturou 240 reféns em 7 de outubro e Israel acredita que 129 ainda estão detidos em Gaza depois de alguns terem sido libertados durante uma breve trégua e outros mortos durante ataques aéreos e tentativas de resgate ou fuga. O Catar e o Egito ainda tentam negociar uma nova trégua e um acordo de reféns.
Avi Dichter, membro do gabinete de segurança de Israel, disse na Rádio Kan que os reféns só poderão ser libertados mediante pressão "massiva" sobre o Hamas e grupos aliados. "Sem que a infraestrutura terrorista do Hamas seja destruída e a sua capacidade de governar a região seja derrubada, a guerra não terminará", disse ele.
No sábado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o país deve retomar o controle da fronteira de Gaza com o Egito, uma área agora repleta de civis que fugiram do massacre no restante do enclave.
(Reportagem de Dan Williams, Nidal al-Mughrabi e Arafat Barbakh)