Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um comitê de inteligência financeira formado por órgãos do Rio de Janeiro e do governo federal foi criado para combater o avanço de milícias e grupos ligados ao tráfico de drogas no Estado do Rio, informaram autoridades.
O Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) vai reunir membros do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) e secretarias de Estado de Polícia Civil (Sepol) e da Fazenda (Sefaz).
O Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) serão convidados a fazer parte do comitê.
Além da criação do comitê, haverá uma reunião nesta terça-feira entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e representantes da PRF, do Ministério da Defesa e das Forças Armadas para tratar da segurança fluminense.
A comitiva irá apresentar o detalhamento de propostas voltadas para a proteção de portos e aeroportos, por exemplo.
"Por determinação do presidente Lula, estamos percorrendo todo o espectro possível de ações, desde a ostensividade até a prevenção, e também mecanismos de inteligência e de investigação", disse Dino.
De acordo com o ministro, a ideia do comitê de inteligência financeira é "desidratar financeiramente o crime organizado"
"Inteligência, investigações de competência federal e apoio aos Estados. Nós partimos de um plano geral que já apresentamos e, agora, estamos detalhando à luz da realidade concreta", disse o ministro a jornalistas.
O comitê deve iniciar seus trabalho na próxima semana, com a formalização da criação do colegiado na quarta desta semana, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli.
"A nossa meta é que, na próxima quarta-feira, o ministro Flávio Dino e o governador (do Rio de Janeiro) Cláudio Castro (PL) assinem já a formalização desse comitê integrado e, na semana que vem, já estarmos trabalhando", disse Cappelli.
"Estamos colocando em prática a lógica do Susp, o Sistema Único de Segurança Pública, integrando entes federados com um objetivo concreto, que é a investigação de crimes financeiros e lavagem de dinheiro. A descapitalização dessas organizações criminosas é decisiva para a gente reduzir o potencial ofensivo delas e poder desmantelá-las."
Na semana passada a maior milícia do Rio, promoveu um caos na zona oeste da capital fluminense, ao incendiar 35 ônibus, um trem, dois carros de passeio e dois caminhões em represália a morte do segundo homem na hierarquia do grupo.
Após os ataques houve uma reação das forças de segurança e, um plano de atentado conta o governador do Estado e sua família foi descoberto pela inteligência fluminense.
"Acho que inauguramos uma dimensão inédita, que é a integração das inteligências das forças de segurança e dos órgãos de controle federais com as inteligências dos respectivos órgãos estaduais do Rio de Janeiro, o que poderá ser um exemplo para o Brasil todo. Isso permitirá o combate aos crimes financeiros com maior velocidade", disse o secretário de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro, Nicola Miccione.