Por Fernando Kallas
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O capitão da Argentina, Lionel Messi, acusou a polícia brasileira de brutalidade, depois que o início do jogo contra o Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo foi adiado por meia hora devido a confrontos entre a polícia e os torcedores visitantes no estádio do Maracanã na terça-feira.
Torcedores brasileiros e argentinos começaram a brigar atrás de um dos gols durante os hinos nacionais, o que levou a polícia a atacar o contingente visitante com cassetetes.
Alguns torcedores argentinos reagiram arrancando e atirando assentos contra os policiais, enquanto outros torcedores entraram em pânico e foram para o gramado para escapar da briga.
Um torcedor argentino ficou deitado no gramado com o rosto ensanguentado antes de ser retirado do estádio em uma maca.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afirmou em nota que a "realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela Fifa e Conmebol", acrescentando que atuaram na segurança do jogo 1.050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.
"Foram cumpridos rigorosamente os planos de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades", disse a CBF.
VOLTA AO VESTIÁRIO
A equipe argentina, liderada por Messi, foi até as arquibancadas para tentar acalmar a situação antes de deixar o campo e voltar ao vestiário.
"Foi ruim porque vimos como eles estavam batendo nas pessoas... A polícia, como já havia acontecido na final da Libertadores, estava mais uma vez reprimindo as pessoas com cassetetes, havia famílias de jogadores ali", disse Messi, em uma entrevista para a televisão à beira do gramado.
"Fomos para o vestiário porque era a melhor maneira de acalmar tudo, pois poderia ter acabado em tragédia."
"Você pensa nas famílias, nas pessoas que estão lá, que não sabem o que está acontecendo, e nós estávamos mais preocupados com isso do que em jogar uma partida que, naquele momento, tinha importância secundária."
O capitão do Brasil, Marquinhos, que foi visto interagindo com Messi e os jogadores argentinos enquanto eles tentavam acalmar a situação, compartilhou as preocupações.
"Estávamos preocupados com as famílias, mulheres e crianças, que estávamos vendo em pânico nas arquibancadas", afirmou Marquinhos aos repórteres.
"Lá embaixo, no campo, era difícil para a gente entender o que estava acontecendo, era uma situação muito assustadora."
Houve confrontos violentos entre torcedores do Boca Juniors, da Argentina, e do Fluminense, no Rio de Janeiro, antes da final da Copa Libertadores entre os clubes neste mês.
Na terça-feira, os jogadores argentinos retornaram a campo depois que a polícia encurralou os torcedores visitantes em um cercado e a partida começou após um longo atraso.
A Argentina venceu por 1 x 0 com um gol de cabeça do zagueiro Nicolás Otamendi no segundo tempo e comemorou a vitória sobre os rivais diante de seus torcedores no mesmo local onde ocorreram os problemas.
(Reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)