Por David Milliken
LONDRES (Reuters) - O Partido Conservador do Reino Unido suspendeu neste sábado um de seus próprios parlamentares, Lee Anderson, após ele ter dito que o prefeito de Londres, Sadik Khan, é controlado por islâmicos.
Khan, que é o primeiro muçulmano a ser prefeito de Londres e membro do Partido Trabalhista, de oposição, é alvo frequente de críticas por conservadores devido ao seu governo na capital britânica, que tem sido palco de passeatas frequentes pró-Palestina.
Na quarta-feira, centenas de manifestantes pró-Palestina se concentraram do lado de fora do Parlamento, durante uma votação caótica sobre se a nação deveria pedir um cessar-fogo na Faixa de Gaza, e a linguagem exata a ser usada.
O presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, afirmou que rompeu com o procedimento parlamentar habitual por causa da votação e por ameaças que alguns legisladores receberam por causa de suas visões sobre o conflito.
Falando na sexta-feira à emissora de televisão GB News, Anderson afirmou: “Eu não creio de verdade que esses islâmicos tomaram o controle do nosso país. Mas acredito que eles têm o controle sobre Khan e sobre Londres. Ele deu a nossa capital para esses caras”.
Khan -- que fala frequentemente sobre a importância de combater o antissemitismo, a misoginia e a homofobia -- disse a repórteres que ele considerou os comentários de Anderson racistas e islamofóbicos, e que a fala "colocaria lenha na fogueira do ódio contra os muçulmanos".
Em meio a crescentes críticas aos comentários de Anderson neste sábado, o Partido Conservador decidiu que ele não poderia mais representá-lo no Parlamento.
“Após sua recusa em pedir desculpas pelos comentários feitos ontem, o líder suspendeu os direitos de liderança do deputado Lee Anderson”, afirmou um porta-voz de Simon Hart, ministro do governo que cuida da fidelidade parlamentar.
Anderson, ex-vice-presidente do Partido Conservador, não quis comentar imediatamente o fato.
Uma pesquisa realizada entre 16 e 18 de fevereiro pelo instituto Savanta mostrou que 29% dos britânicos acreditam que os conservadores têm um problema com a islamofobia, mais do que qualquer outra legenda.
(Reportagem de David Milliken e Andrew MacAskill)