Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Ao menos 35 ônibus e uma composição de um trem urbano foram incendiados por grupos criminosos, nesta segunda-feira, em retaliação à morte de um miliciano na zona oeste da cidade, disseram autoridades e o grupo que representa as empresas de ônibus da cidade.
Segundo a Rio Ônibus, dos 35 coletivos incendiados, 20 eram de transporte municipal regular, 5 eram ônibus articulados do sistema BRT e os demais eram coletivos fretados ou de turismo. No começo da noite, um trem urbano também foi incendiado por criminosos.
O governador Cláudio Castro (PL) classificou os ataques como “ações terroristas“.
Bombeiros de vários quartéis forma acionados para 36 ocorrências na cidade, segundo a corporação.
Os ataques se concentraram na zona oeste, região que vive uma disputa territorial entre grupos criminosos rivais, e ocorreram em reação a uma operação policial na qual o sobrinho do líder da maior milícia do Estado morreu, de acordo com a Polícia Civil. Uma fonte do governo do Rio revelou que o criminoso estaria costurando uma aproximação do grupo miliciano com a maior facção do tráfico de drogas do Estado.
Castro disse que a operação representou um "duro golpe" na milícia.
"Além do parentesco com o criminoso (chefe da milícia), ele atuava como 'homem de guerra' do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio“, afirmou em publicação em rede social.
Os ataques interromperam parte do funcionamento dos corredores do BRT na zona oeste da capital, complicando a volta para casa depois do trabalho de moradores.
"Milicianos na zona oeste queimam ônibus públicos pagos com dinheiro do povo para protestar contra operação policial. Quem paga é o povo trabalhador”, afirmou o prefeito Eduardo Paes (PSD) em uma rede social.
"E para piorar tivemos que interromper serviços de transporte na zona oeste para que não queimem mais ônibus. Ou seja, únicos prejudicados: moradores das áreas que eles dizem proteger! Essa gente precisa de uma resposta muito firme das forças policiais!", acrescentou.
A prefeitura do Rio decretou estágio de mobilização e depois de atenção devido aos ataques contra os ônibus. A Polícia Militar informou que prendeu 12 criminosos envolvidos nos incêndios a ônibus e permanece atuando na região.
"Eles estão presos por ações terroristas, e por isso estarão sendo enviados para presídios federais“, disse a jornalistas o governador do Estado.
A PM também informou que impediu que um grupo com cerca de 15 criminosos colocasse fogo em um caminhão de carga na Avenida Brasil, uma das principais portas de entrada e saída da cidade.
Os ataques ocorrem em um momento em que agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal foram deslocadas ao Rio de Janeiro para auxiliar as forças locais em meio a um aumento da criminalidade.
Segundo fontes do governo do Estado, a possibilidade de uso das Forças Armadas no enfrentando ao crime no Rio também vem sendo discutida com o governo.
O número 2 do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, é aguardado no Rio nas próximas horas.
O governo do Estado colocou em ação um plano de contingência em ação e mobilizou todo efetivo para restabelecer a ordem no Rio de Janeiro.
Diversas unidades de educação e saúde tiveram suas atividades suspensas ou prejudicadas por conta dos ataques desta segunda-feira.