Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira sua ficha de filiação no Partido Liberal, depois de meses de idas e vindas para definir a sigla pela qual será candidato a reeleição em 2022.
Em uma cerimônia em Brasília com presença de quase todos os ministros, além de deputados e senadores da base bolsonarista, o presidente reconheceu que não foi fácil escolher o partido --antes, havia praticamente acertado uma filiação ao PP e tentou criar sua própria sigla, a Aliança pelo Brasil, que não saiu do papel.
Para uma plateia de cerca de 200 pessoas reunida em um auditório em Brasília, Bolsonaro disse "estar se sentindo em casa" e agradeceu ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pela recepção.
"É motivo de orgulho muito grande estar aqui, satisfação. Agradeço à confiança que o Valdemar Costa Neto depositou em mim, me acolhendo agora para fazer parte do seu partido", disse o presidente.
Envolvido no mensalão, condenado e preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Costa Neto já foi alvo de ataques do vereador Carlos Bolsonaro, filho do meio do presidente. Uma publicação feita há três anos foi apagada por ele depois da escolha feita por Bolsonaro. A decisão do presidente pelo PL desagradou parte dos bolsonaristas.
Ainda assim, um grupo foi ao local do evento festejar a filiação. Ao sair, Bolsonaro falou ao grupo que os esperava em um carro de som colocado na rua pelo PL.
O presidente estava sem partido desde o final de 2019, quando brigou com a direção do PSL, partido pelo qual se elegeu presidente. Em seguida, começou a tentativa de criar uma nova legenda, batizada de Aliança pelo Brasil, mas abandonou a ideia ainda no início deste ano.
Se concorresse à reeleição por um partido recém-criado, Bolsonaro praticamente não teria recursos ou tempo de TV durante a campanha eleitoral, a menos que garantisse alianças,
O PL é o nono partido do qual Bolsonaro fará parte. O presidente, que começou sua vida política como vereador no Rio de Janeiro pelo extinto Partido Democrata Cristão, passou por PP, PSC, PSL e PTB, entre outros.
Junto com Bolsonaro, assinaram ficha de filiação ao PL o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho mais velho do presidente, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que disputa com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a vaga de candidato de Bolsonaro ao Senado pelo Rio Grande do Norte.
Outros nomes do primeiro e do segundo escalão do governo também estavam presentes e devem se filiar ao partido. Entre eles, o terceiro filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que precisa esperar a janela de filiação partidária para mudar, sob risco de perder o mandato.
É a mesma situação de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e deputado licenciado atualmente no DEM, que pretende concorrer ao governo do Rio Grande do Sul. Devem ainda migrar para o PL cerca de 20 parlamentares bolsonaristas que hoje ainda estão no PSL, mas esperavam uma decisão para seguir o presidente.
Ainda fazem parte da lista o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que Bolsonaro quer ver candidato ao governo de São Paulo, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que pode ser candidato ao Senado ou à Câmara por São Paulo.
Em seu discurso, Bolsonaro deixou claro que quer fazer composições estaduais para eleger governadores e senadores --o Senado, especialmente, tem sido sua obsessão, já que é onde os principais projetos do governo têm empacado.
"Não vamos tomar decisões sozinhos, queremos compor", afirmou. "Nenhum partido será esquecido por nós, queremos compor nos Estados para senador e governador."