Por Martin Petty
AL RAYYAN, Catar (Reuters) - A forte participação das equipes africanas na Copa do Mundo até agora demonstra a necessidade de que a competição seja mais inclusiva, com mais vagas para times do continente, disse nesta quinta-feira o técnico de Gana, Otto Addo, com quatro equipes africanas ainda vivas no Catar.
Dos cinco classificados da África para o torneio de 2022, Senegal e Marrocos chegaram às oitavas de final, Gana pode avançar com uma vitória na última partida do grupo contra o Uruguai, enquanto Camarões ainda tem uma chance se vencer um Brasil já classificado, que irá descansar seus melhores jogadores.
Somente a Tunísia, que venceu a França por 1 x 0 na quarta-feira, foi eliminada até o momento.
Falando antes de o Marrocos vencer o Canadá por 2 x 1 para terminar no topo do Grupo F nesta quinta, o ganês Addo elogiou o Senegal, a primeira seleção africana classificada.
"Estou muito, muito feliz por nossos irmãos africanos se classificarem", disse Addo em uma coletiva de imprensa.
"É certamente uma inspiração. Estou feliz pelo Senegal antes de tudo, é muito, muito importante. Como todos sabem, a África é, sim, é um continente explorado. Na história, muitas coisas foram erradas contra nós", afirmou.
"Isto é o que tentamos fazer pelas pessoas, fazemos por Gana, fazemos pela África. E espero que todos entendam que temos que dar mais do que temos e tudo o que temos, porque às vezes para as pessoas em casa é a sua última esperança", disse Addo.
Nas cinco Copas do Mundo anteriores, a melhor exibição da África foi em 2014, quando Nigéria e Argélia passaram para as oitavas de final.
Nos torneios de 2002, 2006 e 2010, apenas uma seleção africana avançou para as oitavas de final, enquanto em 2018 todas as cinco equipes africanas saíram na fase de grupos.
Gana tem o melhor histórico de todas as seleções africanas, chegando às oitavas de final em duas de suas três últimas Copas do Mundo, e é um dos únicos três países africanos a chegar às quartas de final.
Addo disse que as cinco vagas para a Copa do Mundo para um continente onde 55 nações participam das eliminatórias são desproporcionais em relação à Europa, onde o mesmo número de países compete por 13 vagas.
"É muito difícil para nós, a probabilidade de prosseguirmos é menor do que a de outras nações como na Europa, eles têm 13 vagas. A probabilidade é muito, muito maior", disse.
Thomas Partey, de Gana, que joga no clube inglês Arsenal, disse que a Copa do Mundo perdeu bons jogadores africanos devido às vagas limitadas.
"Não estou surpreso", disse ele sobre o desempenho das equipes africanas.