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Desmatamento da Amazônia cresce em fevereiro

Publicado 10.03.2023, 12:24
Atualizado 10.03.2023, 12:25
© Reuters. Vista de drone mostra área desmatada na Amazônia, em Uruará, Brasil
21/01/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Gabriel Araujo

SÃO PAULO (Reuters) - O desmatamento na floresta amazônica aumentou em fevereiro para o nível mais alto já registrado para o mês, mostraram dados oficiais preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira, destacando os desafios que o novo governo enfrenta para combater a destruição florestal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse em janeiro com a promessa de acabar com a extração ilegal de madeira após anos de aumento do desmatamento sob seu antecessor Jair Bolsonaro.

Especialistas e autoridades ambientais alertaram que pode levar anos para reduzir de forma significativa o desmatamento depois que Bolsonaro cortou financiamento e funcionários de agências importantes para a proteção ambiental.

“Acabamos de sair de um governo que apoiava o desmatamento”, disse Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, nesta sexta-feira.

“Enquanto a fiscalização e o controle não chegam em todo território, os desmatadores ilegais podem estar aproveitando para expandir esse desmatamento enquanto essas ações do Estado não incidem sobre o território.”

Até agora, há dados limitados para indicar se as políticas de conservação mais agressivas de Lula estão funcionando.

Dados de satélite do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, mostraram que 322 quilômetros quadrados foram desmatados na região no mês passado, um aumento de 62% em relação a fevereiro de 2022 e bem acima da média de 166 quilômetros quadrados para o período.

Também foi a maior marca desde o início da série histórica do Inpe, em 2015.

No entanto, graças aos números de desmatamento abaixo da média em janeiro, o desmatamento caiu 22% nos primeiros dois meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o Inpe.

A marca para os dois primeiros meses do ano, de 489 quilômetros quadrados, é a segunda maior desde 2016, ficando atrás apenas de 2022.

De acordo com o Inpe, cerca de 47,5% dos alertas de desmatamento em janeiro e fevereiro ocorreram apenas no Estado do Mato Grosso, enquanto um total de 15 municípios, entre 204 que receberam pelo menos um alerta, concentraram mais da metade do total.

Em uma apresentação na semana passada, um cientista do Inpe culpou as grandes flutuações mensais na cobertura de nuvens por esconder o desmatamento em imagens de satélite em janeiro, apenas para ser revelado em fevereiro.

"Considerando que o sistema Deter usa imagens de satélite ópticas e que há grande concentração de nuvens principalmente durante o período chuvoso (novembro a abril), existe a possibilidade de algumas alterações florestais terem ocorrido em períodos anteriores", disse o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima em comunicado nesta sexta-feira.

© Reuters. Vista de drone mostra área desmatada na Amazônia, em Uruará, Brasil
21/01/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino

A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, disse no mês passado, com base em dados parciais de fevereiro, que é incomum haver um alto desmatamento neste início de ano, quando fortes chuvas dificultam o trabalho dos madeireiros na floresta.

“Estão desmatando mesmo no período chuvoso. É uma espécie de revanche às ações que já estão sendo tomadas na ponta. E vamos seguir trabalhando, este é nosso objetivo”, disse Marina.

(Reportagem de Gabriel Araujo)

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