BRASÍLIA (Reuters) -O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que todas as pessoas que participaram das invasões aos edifícios-sede dos Três Poderes em Brasília, que ele chamou de atos "terroristas", serão presas e enfrentarão penas que podem ultrapassar os 20 anos.
"As pessoas que participaram desses atos, onde estiverem, serão presas em flagrante", afirmou o ministro em entrevista coletiva. "Ainda há pessoas lamentavelmente falando em continuidade dos atos terroristas... Não conseguirão destruir a democracia brasileira".
Dino acrescentou que as invasões e depredações são "terrorismo" e "golpismo".
Pouco antes, em postagem no Twitter, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, disse que mais de 400 pessoas foram presas pelos atos de vandalismo e depredação. A Polícia Civil do DF, no entanto, informava 170 presos.
"Já são 170 pessoas presas na operação de hoje. Os procedimentos policiais estão sendo finalizados pelas unidades do Departamento de Polícia Especializada (DPE) da PCDF. Todos são suspeitos de participar dos atos criminosos praticados contra as sedes dos Poderes da República", informou a corporação no Twitter.
Dino chegou a falar em cerca de 200 presos.
OMISSÕES
Dino afirmou que haverá a apuração sobre a responsabilidade de quem deveria garantir o policiamento do centro do país. Ele disse que houve uma mudança no plano de contingência das forças locais de segurança pública, mesmo diante de informações da vinda de ônibus para a capital.
Dino procurou isentar ao menos por ora Ibaneis de responsabilidade ao considerar na coletiva que houve uma análise mal feita ou prestaram informações erradas ao governador. Após a invasão aos prédios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a intervenção federal na segurança pública do DF.
"É muito precoce para falar em responsabilidade jurídica do governador", afirmou. "Não quero crer que o governador Ibaneis tenha sido conivente. Ele pode ter sido iludido", emendou.
O ministro disse ainda que 40 ônibus foram apreendidos porque serviram como instrumentos de perpetuação dos crimes e que todos os veículos já foram identificados, assim como os financiadores.
Dino afirmou também que é inequívoca a "responsabilidade política" do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ao menos por ora não há elementos para a responsabilidade jurídica dele.
"Politicamente é claro tendo em vista o que houve... é claro que a responsabilidade política é inequívoca", disse, em referência a Bolsonaro. "Não vejo neste momento nenhum elemento de responsabilidade jurídica do ex-presidente da República", completou.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca e Alexandre Caverni)