O levantamento do Reuters Institute para Estudos de Jornalismo em 2024, que envolveu mais de 300 líderes de empresas jornalísticas em diversos países, incluindo o Brasil, revelou que menos da metade (43%) dos entrevistados estão otimistas em relação às perspectivas para a indústria neste ano.
Os principais obstáculos apontados pelos editores foram as implicações do uso da IA (inteligência artificial) e a redução do tráfego proveniente de sites de mídia social (com 63% expressando preocupação).
O documento do Instituto menciona dados da empresa de análises Chartbeat, indicando uma queda de 48% no tráfego para sites de notícias proveniente do Facebook (NASDAQ:META) em 2023. Além disso, o tráfego oriundo do X (ex-Twitter) diminuiu 27%
Em resposta ao declínio, 77% afirmam que vão concentrar mais esforços em seus próprios canais diretos em 2024, com 22% optando por reduzir custos e 20% experimentando com plataformas alternativas.
Em uma escala que pondera as respostas em “menor concentração” e “maior concentração”, os editores pretendem intensificar suas iniciativas no WhatsApp (+61) e Instagram (+39). Destacam a criação de canais de transmissão como principal benefício da plataforma de mensagens.
O interesse em redes de vídeo, como TikTok (+55) e YouTube (+44), permanece elevado, enquanto a ferramenta de pesquisa do Google (NASDAQ:GOOGL) (+49) se mantém como uma fonte de tráfego significativa.
Além da mudança de plataformas, prevê-se que, em 2024, os jornais busquem estabelecer relações diretas com seus “clientes leais”. Para atingir esse objetivo, os proprietários de mídia planejam implementar mais restrições ao acesso de conteúdo, fortalecendo a proteção da propriedade intelectual.
Eles planejam também priorizar investimentos em assinaturas, considerando-as uma fonte crucial de receita, com 80% dos entrevistados compartilhando essa perspectiva.
Em 2024, a maioria dos editores planeja diversificar suas receitas por 3 ou 4 fontes diferentes. Eventos (49%) e comércio eletrônico (29%) ganharam relevância, mas a expectativa de obter receitas adicionais de grandes empresas de tecnologia diminuiu para 20%, enquanto pagamentos potenciais de plataformas de IA ainda são vistos como incertos.
A pesquisa mostra que as pessoas duvidam da distribuição justa dos benefícios dos acordos de licenciamento com plataformas de IA, como a OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT. Aproximadamente 35% acreditam que os grandes jornais ficarão com a maior parte do dinheiro, enquanto 48% pensam que, no final, haverá poucos recursos para serem distribuídos.
No que diz respeito ao emprego de ferramentas de inteligência artificial, a maioria dos editores destaca a automatização de notícias (56%) como a aplicação mais significativa dessa tecnologia. Eles mencionam a criação de hashtags e a transcrição de conteúdo como exemplos dessa automatização.
Em 2º lugar, aprimorar recomendações (37%) e aplicar a IA para fins comerciais (27%) também são considerados relevantes. No que se refere à criação de conteúdo, há uma divergência de opiniões entre os editores, com 28% considerando o uso dessa tecnologia como “muito importante” e 25% discordando.
Metodologia
De novembro a dezembro de 2023, o levantamento entrevistou 314 líderes de notícias de 56 países e territórios. Os respondentes incluíram 76 editores-chefes, 65 CEOs ou diretores executivos e 53 responsáveis por áreas digitais ou inovação, representando algumas das principais empresas de mídia tradicional e organizações nascidas digitalmente em todo o mundo.
Os participantes preencheram uma pesquisa online com perguntas específicas sobre intenções estratégicas e digitais em 2024. Mais de 90% responderam à maioria das perguntas, embora as taxas de resposta variem.