Por Lisandra Paraguassu e Matt Spetalnick
BRASÍLIA/WASHINGTON (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro aceitou convite para ir aos Estados Unidos participar da Cúpula das Américas, em junho, e terá uma reunião bilateral com o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmaram à Reuters nesta quarta-feira duas fontes com conhecimento direto das tratativas.
Este será o primeiro encontro pessoal entre Biden e Bolsonaro --representantes das duas maiores democracias do continente americano-- desde a posse do presidente dos EUA, em janeiro de 2021.
Na terça-feira, o assessor especial da Casa Branca para a Cúpula das Américas, Chris Dodd, esteve pessoalmente no Palácio do Planalto para fazer o convite para que Bolsonaro participasse do evento.
Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Dodd reuniu-se com o presidente brasileiro para convencê-lo a participar do evento após os EUA tomarem conhecimento de que Bolsonaro não pretendia ir ao encontro.
Uma pessoa em Washington familiarizada com o assunto confirmou que Bolsonaro aceitou o convite para a cúpula. No encontro de terça, Dodd ofereceu a Bolsonaro uma reunião bilateral com Biden à margem da cúpula, disse a fonte, acrescentando que essas conversas ainda estão sendo finalizadas.
Segundo a fonte do Planalto, a reunião bilateral está "praticamente certa".
Procurados por e-mail, o Itamaraty e a Secretaria de Comunicação da Presidência não responderam de imediato a pedidos de comentário da Reuters.
Em declaração distribuída para a imprensa na terça-feira, o assessor especial da Casa Branca informou que Biden lhe pediu que viesse ao Brasil com um foco singular na cúpula.
"Vim para reforçar nosso apreço de longa data pela parceria profunda e importante que os dois países compartilham -- construída sobre um fundamento comum da democracia, direitos humanos, prosperidade econômica, Estado de Direito e segurança", disse.
"Nesta manhã (de terça), em meu encontro com o presidente Bolsonaro, reiterei o nosso desejo de que o Brasil seja um participante ativo da Cúpula, pois reconhecemos a responsabilidade coletiva de avançar para um futuro mais inclusivo e próspero", acrescentou Dodd.
Há duas semanas, a Reuters havia antecipado que Bolsonaro não planejava comparecer à cúpula. A decisão à época ainda não era definitiva e o presidente não havia dado razões para não ir ao evento, conforme duas fontes.
Bolsonaro é um admirador e aliado do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que foi derrotado por Biden nas eleições presidenciais do país em 2020. O presidente brasileiro tem rebatido publicamente falas do líder norte-americano.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília)