Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Ex-chanceler e ex-embaixador em Washington, o diplomata de carreira Mauro Vieira deve voltar ao comando do Itamaraty no próximo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o embaixador Celso Amorim deverá ser o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência, com status de ministro, disseram à Reuters fontes que acompanham o processo de decisão.
De acordo com uma das fontes, a decisão não foi ainda sacramentada por Lula, mas está "muito bem encaminhada". Último ministro das Relações Exteriores do governo de Dilma Rousseff, Vieira é um dos diplomatas mais próximos a Celso Amorim, que chancelou o nome do embaixador.
Tendo ocupado alguns dos principais postos no exterior, como a embaixada na Argentina, em Washington e a representação do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York, Vieira é um dos mais experientes diplomatas em atuação. Além disso, segundo uma terceira fonte, o embaixador tem mais experiência política e uma ótima relação com o Congresso, o que o deixa mais bem colocado que outros diplomatas que chegaram a ser cotados.
Hoje Vieira ocupa a embaixada brasileira na Croácia, um posto de menor importância, mesmo desfecho dado pelo governo Bolsonaro a vários outros diplomatas que ocuparam cargos de destaque nas administrações petistas.
Sua nomeação para chanceler, no entanto, deverá vir com uma combinação da nomeação de mulheres para outros postos-chave do Itamaraty, em uma compensação ao fato do titular da pasta ficar mais uma vez com um homem --o Itamaraty nunca teve uma ministra desde sua criação.
Duas embaixadoras aparecem cotadas para assumir a secretaria-geral: as embaixadoras Maria Luiza Viotti, que até recentemente era chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, e Maria Laura da Rocha, hoje na representação do Brasil na Sérvia.
A ideia também é colocar mulheres em pelo menos uma das representações consideradas mais importantes para o Brasil, na Argentina e em Washington, que também nunca foram chefiadas por mulheres. Viotti e Rocha também são cotadas.
Já Celso Amorim, o chanceler dos dois primeiros governos de Lula e até hoje o nome da área mais próximo ao presidente eleito --responsável até agora por coordenar todos os contatos internacionais durante a campanha e depois da eleição--, aos 80 anos, será responsável pela SAE, com status de ministério, disseram as fontes.
O posto mantém o status e a proximidade do ex-chanceler com o presidente, mas sem o desgaste do dia a dia das negociações e viagens internacionais.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Alexandre Caverni)