Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O Exército informou nesta quinta-feira a saída do comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra, depois que foi revelado que o militar teria impedido a prisão de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro que participaram da invasão e destruição dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro e depois se abrigaram em acampamento montando no Setor Militar Urbano em Brasília.
O relatório final sobre os ataques de 8 de janeiro realizado pelo interventor na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, apontou que o general Dutra impediu o cumprimento pela Polícia Militar do DF (PMDF) da ordem de prisão expedida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Duas fontes que tiveram conhecimento do ocorrido confirmaram o fato à Reuters.
"A linha seguiu avançando até chegar na entrada do Setor Militar Urbano, onde o interventor federal determinou que o comandante-geral da PMDF mobilizasse a tropa para efetuar as prisões no acampamento em frente ao QG do Exército, movimento que foi abortado pela intervenção do general Dutra, comandante militar do Planalto, que ponderou para que a ação acontecesse somente no dia seguinte pela manhã", disse Cappelli em seu relatório.
O acesso ao QG do Exército foi bloqueado por blindados militares e Dutra foi taxativo em uma conversa com Cappelli afirmando que ninguém iria entrar lá para efetuar prisões, segundo uma das fontes com conhecimento do caso.
O Exército afirmou, em nota enviada por meio da Lei de Acesso à Informação, que não houve obstrução no cumprimento de ordem judicial e que o acordado foi realizar a operação pela manhã no dia seguinte -- o que de fato aconteceu --, destacando que não houve confronto.
Segundo o Informex, boletim divulgado pelo Exército nesta quinta-feira que mostra as promoções e movimentações, Dutra vai assumir a 5ª Subchefia do Estado Maior do Exército. O cargo tem, entre suas atribuições, propor políticas, diretrizes, planos e orientações gerais para as relações internacionais do Exército e para missões de paz.