UAGADUGU (Reuters) - Na capital de Burkina Faso, Uagadugu, soldados dão orientações a cinéfilos e jornalistas que participam do principal festival de cinema do continente africano que acontece este ano, apesar da violenta insurgência que atinge muitas de suas regiões.
Desde que o Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Uagadugu (Fespaco) foi realizado pela última vez, em 2021, o país da África Ocidental tem tido que lidar com as consequências políticas de dois golpes de Estado em oito meses e a violência crescente impulsionada por grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico.
O delegado-geral do festival, Alex Moussa Sawadogo, disse que Burkina Faso vem lidando com a insegurança há vários anos, mas continua sendo importante mostrar que a cultura e seu povo continuam existindo.
"Organizar um evento como o Fespaco é mostrar ao mundo que Burkina Faso é um país que quer continuar escrevendo histórias do cinema mundial", afirmou ele à Reuters.
No total, estão em exibição 170 filmes, dos quais 15 longas-metragens e cerca de 30 curtas em competição.
Na categoria longas-metragens, concorrem filmes de 13 países, entre eles o filme Sira, dirigido pela talentosa cineasta local Apolline Traoré.
Seu filme conta a história de uma jovem abandonada no deserto que decide enfrentar um grupo de terroristas.
"Moro em um país que está sofrendo... não sou política, também não estou no Exército, tenho apenas minha arte para me expressar e foi uma forma de eu participar dessa luta contra o terrorismo", disse Traoré.
(Reportagem de Thiam Ndiaga)