Por Nidal al-Mughrabi e Henriette Chacar
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - Ataques aéreos e de artilharia intensos foram registrados em Gaza na madrugada de segunda-feira, enquanto as tropas israelenses, apoiadas por tanques, pressionavam o enclave palestino com uma ofensiva terrestre que provocou mais apelos internacionais para que os civis sejam protegidos.
As Forças Armadas de Israel disseram que atingiram mais de 600 alvos militantes nos últimos dias, à medida que expandem as operações terrestres na Faixa de Gaza, onde os civis palestinos estão em extrema necessidade de combustível, alimentos e água potável, com a guerra entrando em sua quarta semana.
"As tropas da forças de Israel mataram dezenas de terroristas que se barricavam em prédios e túneis e tentaram atacar as tropas", disse um comunicado militar.
Israel iniciou uma grande investida em Gaza na sexta-feira e reiterou os apelos para que os civis se desloquem do norte do pequeno enclave costeiro para o sul, enquanto tenta erradicar os militantes do Hamas que, segundo o país, estão escondidos em um labirinto de túneis sob a Cidade de Gaza.
No que parece ser um esforço para isolar a cidade, as forças israelenses realizaram dezenas de ataques aéreos no lado leste, disseram os moradores, e alguns relataram som de tanques em meio a uma intensa troca de tiros.
A oeste, onde Israel mostrou no domingo tanques na costa do Mediterrâneo, a estrada costeira norte-sul foi atingida várias vezes, disseram os moradores. As conexões telefônicas e de Internet permaneceram em grande parte cortadas no norte, dificultando a comunicação.
Muitos palestinos permaneceram na Cidade de Gaza, com medo de perder suas casas e preocupados com as notícias dos ataques aéreos israelenses mais ao sul.
Autoridades médicas dos hospitais Al-Shifa e Al-Quds disseram que os ataques aéreos atingiram seus prédios. O escritório humanitário da ONU, OCHR, disse que 117.000 civis estão abrigados ao lado de milhares de pacientes e médicos em hospitais no norte.
Israel acusou o Hamas de instalar centros de comando e outras infraestruturas militares nos hospitais de Gaza, o que o grupo nega.
Ataques aéreos também puderam ser ouvidos nas cidades de Rafah, ao sul, perto da passagem da fronteira de Gaza com o Egito, a única não bloqueada por Israel, bem como a leste de Khan Younis, onde a mídia palestina disse que o Hamas entrou em confronto com as tropas israelenses.
Os cortes telefônicos e de internet que bloquearam Gaza na sexta-feira diminuíram e o OCHR disse na segunda-feira que os serviços foram "amplamente restaurados", embora os provedores de telecomunicações tenham dito que algumas áreas no norte ainda estavam fora do ar.
CONFRONTOS NA CISJORDÂNIA
Israel disse que 1.400 pessoas foram mortas quando militantes liderados pelo Hamas invadiram o sul do país em 7 de outubro e fizeram 229 reféns. O Hamas libertou quatro até o momento e afirmou que 50 foram mortos nos ataques de retaliação.
Autoridades médicas da Faixa de Gaza, administrada pelo Hamas, que tem uma população de 2,3 milhões de pessoas, disseram que 8.306 palestinos foram mortos, incluindo 3.457 crianças, em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro.
O OCHR disse que as equipes de resgate estavam com dificuldades para chegar às pessoas.
"Em 29 de outubro, cerca de 1.800 pessoas, incluindo pelo menos 940 crianças, foram dadas como desaparecidas e podem estar presas ou mortas sob os escombros, aguardando resgate ou recuperação", afirmou.
Também disse que os grupos armados continuaram a disparar foguetes contra Israel indiscriminadamente, sem registro de mortes.
O Ministério da Defesa israelense divulgou imagens de vídeo do que disse serem manobras dentro de Gaza, mostrando soldados estacionados dentro de edifícios, tanques em uma estrada principal e ataques aéreos no que afirmou serem edifícios ocupados pelo Hamas.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente o momento exato ou o local do vídeo e os militares de Israel disseram que não revelariam onde ele foi filmado.
"Estamos nos movendo por terra, identificando os terroristas e atacando pelo ar. Há também um envolvimento direto entre as forças terrestres e os terroristas. Os combates estão ocorrendo dentro da Faixa de Gaza", disse o porta-voz militar Daniel Hagari.
Os grupos islâmicos Hamas e Jihad Islâmica disseram que seus membros também estavam lutando contra as forças israelenses na cidade de Jenin, na Cisjordânia, ocupada por Israel, onde dezenas de palestinos foram mortos e centenas foram presos desde 7 de outubro.
Israel disse na segunda-feira que prendeu 700 militantes do Hamas na Cisjordânia, onde afirma que suas forças frequentemente são atacadas quando tentam detê-los.
O Ministério da Saúde palestino informou que quatro pessoas foram mortas durante um ataque em Jenin na madrugada de segunda-feira. Israel disse que vários combatentes foram mortos em um ataque aéreo no local.