(Reuters) - O governo federal decidiu antecipar o novo fechamento do espaço aéreo sobre o território yanomami, em Roraima, para 6 de abril e pretende intensificar as operações da Polícia Federal na região para retirar os garimpeiros que ainda insistem em permanecer na área, disseram os ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, após reunião nesta quinta-feira.
"Primeiro tema foi a questão do espaço aéreo, que estava combinado primeiramente ser fechado em 6 de maio e agora nós optamos para 6 de abril", disse Múcio a jornalistas após a reunião em Brasileira.
Os dois ministros disseram que a quantidade de garimpeiros que ainda permanecem na terra indígena caiu de forma significativa, contando-se agora na casa de centenas. Anteriormente havia cerca de 20 mil na terra yanomami. Além disso, disseram, os voos ilegais na região têm sido um ou dois por dia, contra 30 a 40 diários anteriormente.
"Vamos intensificar também as operações da Polícia Federal, alinhada com o Ministério da Defesa. Identificamos as áreas em que ainda há, nesse momento, operações de garimpo. Também identificamos áreas onde há apoio a essas operações ilegais e esses serão alvos nos próximos dias de ações da Polícia Federal", afirmou Dino, acrescentando que a PF fará prisões e apreensões de equipamentos.
"O que nós estamos afirmando é que Defesa e Justiça, em conjunto, vão ampliar essas ações agora no mês de março, e com certeza até esta data programada, 6 de abril, nós teremos o fim dessa atividade ilegal no território yanomami e o novo fechamento dos corredores para que, com isso, nós tenhamos a conclusão da desintrusão do território yanomami", acrescentou o titular da Justiça.
A presença do garimpo ilegal de ouro na terra yanomami levou fome e doenças aos indígenas e provocou uma crise humanitária e sanitária na região, o que levou o governo e declarar uma emergência sanitária. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a região pouco após tomar posse e prometeu eliminar os garimpos.
O governo federal impôs um primeiro fechamento do espaço aéreo sobre o território no início de fevereiro, mas optou por reabrir parcialmente dias depois para permitir a saída espontânea de invasores. A reabertura teria duração de duas semanas, mas depois fora ampliada até maio.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)