BRASÍLIA (Reuters) - Uma comitiva de seis ministros e representantes de outras cinco pastas, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, embarcará na quarta-feira para Manaus em uma visita para avaliar a situação de emergência causada pela seca na região, que deve afetar até 500 mil pessoas.
O governo prepara uma série de medidas para tentar amenizar os efeitos da estiagem no Amazonas, incluindo a liberação de 138 milhões de reais para dragagem de trechos dos rios Solimões e Madeira, a antecipação de benefícios como Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e pagamento do seguro defeso para pescadores.
"A questão mais emergencial é água, alimento e combustível. Então, os municípios estão encaminhando ao Ministério de Integração Nacional os planos de trabalho. Não faltarão recursos para atender a população", disse Alckmin após uma reunião nesta terça-feira preparativa para a viagem.
Nesse momento, 55 municípios já decretaram situação de emergência e outros três estão em processo de fazê-lo. De acordo com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a estimativa do governo é de que 500 mil pessoas sejam atingidas pela seca.
"Há uma semana, estávamos com previsão de atingidos de 100 mil pessoas. O que projetamos, e está se confirmando, é de atingir 500 mil pessoas. Hoje com 58 municípios em situação de emergência, inclusive a capital Manaus, devemos ter que assistir realmente em torno de 500 mil pessoas", afirmou.
Nesta segunda-feira, a concessionária que opera a usina Santo Antônio, no rio Madeira, anunciou a interrupção das suas operações pela baixa vazão do rio. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo estocou diesel e distribuiu a termelétricas da região em julho, depois de ser avisado pela Agência Nacional de Águas dos riscos que poderiam ser trazidos pela estiagem.
"Ao menos pelos próximos 30 dias estamos em uma situação confortável", afirmou Silveira, acrescentando que as termelétricas serão acionadas.
A seca no Amazonas é uma das piores registradas nos últimos anos e tem provocado a morte de peixes e outros animais, como os botos, e o desabastecimento em cidades da região.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o impacto ambiental é "tremendo e assustador".
"Ibama, ICMBio e instituições de pesquisa estão trabalhando na região. Estamos fazendo ação emergencial em relação aos botos e tucuxis que estão sendo ferozmente atingidos, não só pela mortandade em função da estiagem. Mas também porque alguns rios ficam com quantidade de água muito baixa e estão sendo feridos pelas embarcações que continuam passando em alguns trechos", explicou.
O MMA também tem 191 brigadistas trabalhando no combate a incêndios, especialmente no sul do Amazonas e no entorno de áreas urbanas.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)