(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a situação da segurança pública no Rio de Janeiro também é um problema do Brasil e que o governo federal ajudará no combate ao crime organizado e às milícias no Estado, ao mesmo tempo em que descartou uma intervenção federal.
"Pode ficar tranquilo que o governo federal estará presente no Rio de Janeiro ajudando de todas as formas possíveis a voltar à normalidade, a combater o crime organizado, a combater os milicianos para que o povo do Rio de Janeiro volte a ter tranquilidade", disse Lula em sua live semanal nas redes sociais, retomada após um intervalo em que não foi realizada por causa de uma cirurgia a que Lula se submeteu em seu quadril no final de setembro.
Na segunda-feira, ao menos 35 ônibus e uma composição de um trem urbano foram incendiados por grupos criminosos em retaliação à morte de um miliciano na zona oeste da capital fluminense, disseram autoridades e o grupo que representa as empresas de ônibus da cidade.
Lula afirmou que já conversou com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para saber como o governo federal pode auxiliar na situação. O presidente disse que também já tratou do assunto com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e que conversará nesta terça com o titular da Defesa, José Múcio Monteiro.
O presidente defendeu que a Força Aérea Brasileira (FAB) tenha uma "intervenção maior" nos aeroportos do Rio e que a Marinha atue da mesma forma nos portos do Estado.
Ao mesmo tempo ele disse que as Forças Armadas podem atuar como "força auxiliar" e criticou a intervenção federal na segurança pública do Rio, realizada em 2018 sob comando do Exército. Lula disse que a intervenção "não resultou em nada" e que não é papel dos militares combater o crime organizado.
"Nós não queremos pirotecnia, não queremos fazer uma intervenção no Rio de Janeiro como já foi feito e que não resultou em nada. Não queremos tirar a autoridade do governador, não queremos tirar a autoridade do prefeito. O que nós queremos é compartilhar com eles, trabalhar junto com eles uma saída", declarou Lula.
"Vamos discutir no governo federal como a gente pode participar mais. Como a gente pode acionar mais a Polícia Federal, como a gente pode fortalecer mais a Força Nacional, como a gente pode usar as Forças Armadas participando como uma força auxiliar sem passar a ideia para a sociedade que as Forças Armadas foram feitas para combater crime organizado. Não é esse o papel das Forças Armadas e nós não vamos fazer isso."
O presidente disse que ainda considera retomar uma promessa feita durante a campanha eleitoral de recriar uma pasta voltada exclusivamente à Segurança Pública, ideia que abandonou durante a transição do governo, quando decidiu manter o tema na mesma pasta da Justiça.
"Eu quando fiz a campanha ia criar o Ministério da Segurança Pública. Ainda estou pensando em criar, estou pensando em quais são as condições para criar, como é que vai interagir com a questão da segurança do Estado", disse.
Durante a live, Lula admitiu que o Brasil tem "um problema crônico de combate ao crime organizado" e disse ser preciso reconhecer que isso está relacionado às condições de vida da população.
"A verdade é que enquanto o povo brasileiro passar fome, enquanto tiver muito desemprego, enquanto tiver muita gente abandonada, há uma possibilidade de crescimento do crime organizado."
(Por Eduardo SimõesEdição de Tatiana Ramil)