Por Mohammad Yunus Yawar
CABUL (Reuters) - Um encontro organizado pelo Taliban com milhares de líderes religiosos e étnicos do sexo masculino terminou no sábado com pedidos aos governos estrangeiros para que reconheçam formalmente sua administração, mas não deu sinais de mudanças nas demandas internacionais, como a abertura de escolas secundárias para meninas.
A economia afegã mergulhou em crise quando os governos ocidentais retiraram o financiamento e aplicaram sanções rigorosas, dizendo que o governo do Taliban precisa mudar de rumo quanto aos direitos humanos, especialmente os das mulheres.
"Pedimos aos países regionais e internacionais, especialmente aos países islâmicos... que reconheçam o Emirado Islâmico do Afeganistão... revoguem todas as sanções, descongelem os fundos (do banco central) e apoiem o desenvolvimento do Afeganistão", disseram os participantes do encontro em comunicado, usando o nome do grupo para seu governo, que não foi formalmente reconhecido por nenhum país.
O líder recluso do grupo participou da reunião de três dias com mais de 4.000 homens na sexta-feira e fez um discurso no qual parabenizou os participantes pela vitória do Taliban e ressaltou a independência do país.
O Taliban voltou atrás em um anúncio de que todas as escolas abririam em março, deixando muitas meninas que compareceram em suas escolas em lágrimas e recebendo críticas de governos ocidentais.
Em discursos transmitidos pela televisão estatal, um pequeno número de participantes mencionou a educação de meninas e mulheres. O vice-líder do Taliban e ministro do Interior, Sirajuddin Haqqani, disse que o mundo exige um governo e educação inclusivos e que essas questões levariam tempo.
Mas o líder supremo do grupo, Haibatullah Akhundzada, que normalmente vive na cidade de Kandahar e raramente aparece em público, disse que os estrangeiros não devem dar ordens.
(Por Mohammad Yunus Yawar)