BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na noite desta quinta-feira que os cortes da taxa básica Selic pelo Banco Central "começaram tarde" e que a meta do governo de resultado primário zero prevista para 2024 é "pragmática".
Durante evento do Itaú BBA, Haddad pontuou que o processo de cortes da Selic, iniciado em agosto, poderia ter começado nas duas reuniões anteriores -- em maio e junho --, em um ritmo de 0,25 ponto percentual de redução. Ele destacou que, como isso não ocorreu, a economia ainda não sentiu os efeitos totais do ciclo de corte dos juros. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Em meio a discussões sobre a possibilidade de mudança do objetivo fiscal para 2024, devido à dificuldades do governo em aumentar a arrecadação, Haddad caracterizou a meta de primário zero como "pragmática" e disse que, por isso, não seria necessário que fosse fixada por uma lei para que ele a perseguisse.
Na ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na terça-feira, o colegiado citou o risco fiscal como ponto de preocupação para a política de juros.
Haddad tem evitado confirmar ou negar explicitamente que a meta seria reajustada. Nesta semana, fontes afirmaram à Reuters que o governo manterá, ao menos por enquanto, a busca pelo primário zero para que Haddad tenha tempo de negociar a aprovação de medidas que ampliem a arrecadação, numa tentativa de evitar a mudança do parâmetro.
Sobre a finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, Haddad destacou que a resistência da França em ratificar a proposta representa um problema. Ele também citou "problemas internos" do país como uma das razões para o atraso nas discussões.
(Reportagem de Victor Borges, em Brasília)