Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O primeiro dia da reunião de chanceleres do G20 terminou com o chanceler russo, Sergei Lavrov, como principal alvo dos discursos na tarde desta quarta-feira, com a maior parte dos países presentes se unindo em condenações duras à invasão da Ucrânia, contaram à Reuters fontes presentes na reunião.
Os ataques de Israel a Gaza também entraram nos discursos, com os países defendendo de forma unânime a solução de dois Estados e a necessidade de atenção à questão humanitária. Houve cobranças, no entanto, sobre como chegar aos dois Estados, que todos apoiam, mas sem soluções.
Como representante do país que invadiu a Ucrânia presente à reunião, Lavrov enfrentou as quatro horas de reunião ouvindo, em sua maioria, discursos contra seu país.
O chanceler britânico, James Cameron, foi um dos mais duros na condenação à Rússia, afirmando que a Rússia "deve pagar por essa agressão", e que não existe direito mais básico de um país que o direito a sua soberania.
Em entrevista depois do encontro, Espen Barth Eide, ministro da Noruega, afirmou que Lavrov apresentou uma série de "fatos alternativos" durante a reunião e defendeu que os países precisam agir em defesa dos princípios de soberania e liberdade.
"Nós temos que apoiar a Ucrânia até que ela emerja como um país livre e soberano sem o Exército de outro país no seu território", afirmou.
A chanceler do Japão, Yoko Kamikawa, classificou a invasão da Ucrânia como um "ato ultrajante que mina as fundações do G20 e o direito internacional".
Alvo de todos os lados, Lavrov ouviu impassível todos os ataques, contaram as fontes, e reagiu com ironia às falas de seus colegas.
O chanceler russo chamou de "hipocrisia" à reação do que chamou de "potências ocidentais", com reações diferentes em relação à invasão de Israel à Faixa de Gaza e da Rússia à Ucrânia, quando os dois países estariam agindo em defesa própria.
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, abriu o encontro no início da tarde cobrando os países, que representam as maiores economias do mundo, para que tirem as organizações internacionais da "inação" e reajam à escalada de conflitos no mundo.
"As instituições multilaterais, contudo, não estão devidamente equipadas para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pela inaceitável paralisia do Conselho de Segurança em relação aos conflitos em curso. Esse estado de inação implica diretamente perdas de vidas inocentes", afirmou.