SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que discutirá com o presidente da França, Emmanuel Macron, a aprovação pelo Parlamento francês de uma resolução contrária ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
Em sua live semanal nas redes sociais, Lula ainda disse que a União Europeia não pode ameaçar o Mercosul e que, por serem "parceiros estratégicos", o bloco europeu precisa ajudar os países sul-americanos.
"Eu vou almoçar com o Macron e quero discutir com o Macron a questão do Parlamento francês que aprovou o endurecimento do acordo Mercosul-União Europeia. Ou seja, a União Europeia não pode ameaçar de punir o Mercosul se o Mercosul não cumprir isso ou aquilo", disse Lula ao tratar de uma viagem que fará à Europa nesta semana e que terá Paris no roteiro.
"Ora, se nós somos parceiros estratégicos você não pode fazer ameaça, você precisa ajudar. Isso eu vou conversar muito com o presidente da França", disse Lula.
A aprovação da resolução pela Assembleia Nacional da França contrária ao acordo comercial entre Mercosul e UE não tem poder de lei, mas significa um revés político importante para um eventual acordo de livre comércio entre os dois blocos, isso porque, uma vez firmado um pacto comercial entre as partes, ele precisará ser ratificado por todos os Parlamentos, incluindo o francês.
Lula também comentou a audiência que terá com o papa Francisco, no Vaticano, também no âmbito da viagem que fará à Europa, e disse que pretende convidar o pontífice para o Círio de Nazaré, procissão religiosa de devoção a Nossa Senhora que reúne milhões de devotos em Belém todos os anos em outubro. No ano passado foram 2,5 milhões de fiéis.
"Não sei se o papa correria o risco de ir uma festa que tem milhões e milhões de pessoas, mas de qualquer forma seria uma visita extraordinária. Aí teria que acertar com a Igreja Católica brasileira, mas eu não me negarei de fazer o convite a ele, até porque eu vou", disse Lula.
HARMONIZAÇÃO
Na live, o presidente também disse que a reunião ministerial que realizou na semana passada, com duração de cerca de dez horas e na qual todos os 37 ministros discursaram, serviu para realizar uma "harmonização" do governo e para que todos os titulares de cargos no primeiro escalão saibam o que cada ministério está realizando.
Lula disse que quer que seus auxiliares diretos viajem pelo país para conhecer a realidade da população e anunciar os planos do governo até o final de seu mandato, em dezembro de 2026.
O presidente também aproveitou para comemorar dados econômicos recentes, que mostraram queda na inflação, e a valorização do real ante o dólar, e também para mais uma vez criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo atual patamar da taxa básica de juros, em 13,75% ao ano.
"O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque já sei por que ele não baixa, mas explicar ao povo brasileiro e ao Senado que o elegeu por que ele mantém a taxa de juros de 13,75% num país que está com inflação anual de 5%", afirmou.
O BC volta a se reunir esta semana para deliberar sobre a política monetária e a expectativa é de manutenção na Selic, mas a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostrou que o mercado passou a ver o primeiro corte da Selic em agosto, com a taxa básica de juros mais baixa ao final do ano, em 12,25%.
(Por Eduardo Simões)