(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que o grupo militante islâmico Hamas praticou atos de "terrorismo" ao atacar Israel no dia 7 de outubro e que a resposta israelense, com uma campanha maciça de bombardeios em Gaza, foi "insana", ao mesmo tempo que manifestou solidariedade e fez um apelo em nome das crianças da região.
Em discurso por videoconferência do Palácio da Alvorada para a cerimônia de comemoração dos 20 anos do programa Bolsa Família, realizada no Palácio do Planalto, Lula disse que as crianças de Gaza e de Israel atingidas pelo conflito não pediram para estar envolvidas nele, mas estão "morrendo agora nesta luta insana entre o Hamas e o Estado de Israel".
"Não é possível tanta irracionalidade", disse Lula.
"Mil e quinhentas crianças já morreram na Faixa de Gaza... Mil e quinhentas crianças que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel. Mas também não pediram para que Israel reagisse de forma insana e matasse eles. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, aqueles que só querem viver, aqueles que querem brincar, aqueles que não tiveram o direito de ser criança."
O presidente também manifestou pesar e solidariedade pelas crianças que morreram na guerra iniciada em fevereiro do ano passado com a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Nós precisamos propor em alto e bom som, em nome da vida das nossas crianças, a gente propor paz. A gente propor a racionalidade de que o amor possa vencer o ódio, de que a gente não resolve o problema com bala, a gente não resolve o problema com foguete. A gente resolve o problema é com carinho, é com afeto, é com dedicação, é com solidariedade", afirmou.
O ataque do Hamas a Israel no dia 7 de outubro matou 1.400 israelenses, em sua maioria civis. Em resposta, as Forças Armadas de Israel impuseram um cerco a Gaza, governada pelo Hamas, e iniciaram uma intensa campanha de bombardeios que, segundo o Ministério da Saúde local, já mataram ao menos 4.137 palestinos.
Em sua primeira reação aos ataques do Hamas no dia dos atentados, Lula condenou o que chamou de "ataque terrorista", mas não citou nominalmente o grupo militante.
Diante da pressão e de críticas dos que defendem que o Brasil rotule o Hamas como um grupo terrorista, o governo afirmou que segue as denominações adotadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para apontar determinado grupo como terrorista.
(Por Eduardo Simões)