BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil vai participar da Opep+ com o objetivo de convencer os países produtores de petróleo a fazer a transição energética e se preparar para o fim do uso dos combustíveis fósseis, em fala neste sábado durante a COP 28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai.
"A Opep+, acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram para fazer investimento para que os continentes como o africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde", disse.
"Porque se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis", reforçou ele.
Neste sábado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se manifestou em uma rede social sobre o assunto, após postagem de Lula.
"Vamos liderar países produtores de petróleo para acelerar a transição energética. Sob a liderança do presidente @LulaOficial queremos usar as receitas do petróleo para financiar energia limpa e renovável", disse.
O convite para o Brasil participar da Opep+, um grupo de 23 países produtores de petróleo, foi anunciado na quinta-feira por Silveira que sinalizou que o país deverá aceitar esse ingresso.
O Brasil é o maior produtor de petróleo da América do Sul, com uma produção de 4,66 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (petróleo e gás) em setembro.
A eventual participação do Brasil em um grupo que determina, por exemplo, cortes de produção de petróleo por parte de seus membros seria polêmica, uma vez que o país é uma economia de mercado, contando com empresas listadas em bolsa, como a Petrobras (BVMF:PETR4), entre outras. Há ainda multinacionais que atuam em importantes campos do pré-sal.
Mas o Brasil não deve participar de sistema de cotas de produção da Opep+, que pode levar a cortes no fornecimento de petróleo, disseram três fontes com conhecimento à Reuters em reportagem publicada na quinta.
(Reportagem de Ricardo Brito)