BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou o alcance da proposta de renegociação de dívidas de famílias mais pobres, previsto em seu plano de governo, e falou nesta terça-feira em incluir, além de contas de água e luz e outros serviços, também redes de varejo e bancos.
"Não basta a gente ganhar as eleições e melhorar a condição de renda das pessoas. Nós vamos ter que, em um primeiro momento, ter a coragem de ter as condições para negociar essas dívidas, seja com empresários do setor de varejo, seja com as prefeituras e Estados, seja com os bancos", disse Lula durante reunião de coordenação de sua campanha à Presidência.
O programa, chamado "Desenrola, Brasil", vem sendo anunciado por Lula e também nas propagandas da campanha petista. A ideia inicial era que fosse feita a renegociação de dívidas de água, luz, gás e telefone de famílias com renda de até três salários mínimos. No entanto, Lula agora incluiu em sua fala os bancos, cartões de crédito e redes de verjo.
Lula citou, por exemplo, que o endividamento das famílias com o sistema financeiro nacional está em 52,7%, maior da série histórica, e 27,6% da renda das famílias está comprometida com dívidas.
Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontam para 79% de famílias endividadas; 29,6% com dívidas em atraso; e 10,8% que dizem que não têm condições de pagar suas dívidas.
"Se a gente não resolver a dívida na vida das pessoas, essas pessoas vão estar impossibilitadas de consumir qualquer coisa, e se as pessoas não tem poder de consumo a economia não cresce", defendeu o ex-presidente.
A proposta trabalhada pelo PT até agora foca em dívidas não bancárias. O cálculo da campanha é que seja possível renegociar até 90 milhões de reais em dívidas, de aproximadamente 30 milhões de famílias com renda até três salários mínimos.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)