BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone, nesta quinta-feira, com o presidente da França, Emmanuel Macron, e reiterou a necessidade de se concluir o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, além de convidar o líder francês para uma visita oficial ao Brasil.
"O presidente Lula indicou que vem tratando com os demais sócios do Mercosul a necessidade de concluir as negociações do acordo Mercosul-União Europeia", disse o Palácio do Planalto em comunicado.
Lula tem enfatizado nas conversas com os europeus a necessidade de finalizar o acordo comercial entre UE e Mercosul, que está parado depois que países da Europa decidiram não votar pela adesão em retaliação pelas políticas ambientais destrutivas do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Agora, o governo brasileiro vê uma oportunidade de renegociar alguns pontos do acordo. Há uma avaliação de que o texto, que foi fechado ainda com Bolsonaro no poder no Brasil e com Maurício Macri na Presidência da Argentina, foi excessivamente vantajoso para os europeus.
Em viagem ao Uruguai na quarta-feira, frente a insistência do presidente do país, Luis Alberto Lacalle Pou, de fazer um acordo comercial com a China à revelia dos demais sócios do Mercosul, Lula enfatizou que o Brasil pode vir a apoiar uma negociação do Mercosul com a China, mas que é necessário, primeiro, fechar o acordo com os europeus, que se arrasta há mais de 20 anos.
Segundo o governo brasileiro, a conversa telefônica de Lula e Macron durou mais de uma hora e tratou de temas que vão desde as mudanças climáticas à guerra na Ucrânia, além da defesa da democracia.
"Ambos concordaram sobre os riscos que pairam sobre a democracia em virtude das ações violentas de grupos de extrema direita. Nesse contexto, discutiram a importância de se combater a desinformação", acrescentou o Planalto.
O presidente francês, segundo ele mesmo escreveu em suas redes sociais, prestou de novo apoio ao Brasil pelos ataques do dia 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes por apoiadores de Bolsonaro que pediam um golpe contra Lula.
"Reiterei ao presidente Lula o apoio da França após os ataques à democracia brasileira. Reafirmamos nossa determinação de agir pelo clima, pela biodiversidade, por nossas florestas e contra a fome. Vamos enfrentar esses desafios", escreveu Macron, ao que Lula respondeu:
"Uma excelente conversa por telefone com o amigo Emmanuel Macron. Fiz um convite para vir ao Brasil, para aprofundarmos nosso trabalho conjunto contra as mudanças climáticas, no combate à fome e pela defesa do meio ambiente.".
Os dois presidentes já haviam conversado no dia seguinte aos ataques e também logo após a vitória de Lula nas eleições do ano passado. Além disso, Macron, que tinha um péssimo relacionamento com Bolsonaro, havia recebido Lula em novembro de 2021, em Paris, com protocolos de chefe de Estado.
Existe uma previsão de visita do presidente francês ao Brasil nos próximos meses. A ideia inicial era que acontecesse ainda em janeiro, o que não aconteceu por falta de agenda.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)