BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite de segunda-feira, ao receber 32 brasileiros repatriados da Faixa de Gaza, que o Estado de Israel comete atos de terrorismo no enclave palestino ao matar crianças e mulheres e ao bombardear hospitais.
Em pronunciamento depois de receber os repatriados na base aérea de Brasília, Lula prometeu que seu governo manterá os esforços diplomáticos para trazer de volta os brasileiros que quiserem deixar a região de conflito, assim como os parentes desses cidadãos que não forem brasileiros.
"Eu nunca vi uma violência tão bruta, tão desumana contra inocentes", disse Lula, referindo-se aos ataques israelenses no enclave que já mataram mais de 11 mil pessoas, 40% delas crianças.
A ofensiva israelense foi uma resposta a ataques realizados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, nos quais 1.200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas e levadas como reféns para Gaza. O ataque do Hamas foi classificado por Lula, em mais de uma ocasião, como um ato terrorista.
"Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças não estão em guerra, ao não levar em conta que as mulheres não estão em guerra", disse Lula.
"A gente vai tentar fazer todo o esforço que estiver ao alcance da diplomacia brasileira para trazer todos os brasileiros que lá estão e que querem vir para o Brasil, inclusive alguns companheiros que tinham parentes eu pedi para trazer os parentes mesmo que não fossem brasileiros, que a gente trataria de legalizar aqui no Brasil", prometeu.
Hassan Rabee, um dos repatriados que foram recepcionados por Lula, disse ao presidente diante da imprensa que acompanhava a chegada que o que está acontecendo em Gaza é um "massacre" e pediu que o governo brasileiro ajude a trazer sua mãe para o Brasil. Ele mora em São Paulo e foi a Gaza para um casamento.
"O que está acontecendo lá é um massacre. É difícil para todos vocês entenderem o que a gente passa lá, as bombas caem por todo lado, as minhas filhas ficaram muito chocadas lá, muito tristes. Na primeira e na segunda semana a gente ficava mentindo, falava que os ataques, as bombas, eram explosões de festas de aniversário, mas a gente não conseguiu segurar muito tempo", contou.
"Quando elas começaram a entender o que estava acontecendo, quando passava um avião militar israelense elas fechavam a janela achando que quando fechavam a janela estavam protegidas."
Lula disse ainda que tentará nesta terça-feira fazer um telefonema com o presidente da China, Xi Jinping, para manter a pressão no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em busca da preservação da vida de civis no conflito. O colegiado está atualmente sobre presidência rotativa chinesa.
(Reportagem de Ueslei Marcelino; Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)