Por Steve Holland e Karen Freifeld
WASHINGTON (Reuters) - A apreensão de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos do amplo retiro de Donald Trump em Mar-a-Lago destaca as atuais preocupações de segurança nacional representadas pelo ex-presidente norte-americano e a residência que ele apelidou de Casa Branca de Inverno, disseram alguns especialistas em segurança.
Trump está sob investigação federal por possíveis violações da Lei de Espionagem, que torna ilegal espionar para outro país ou usar informações de defesa dos EUA de forma inadequada, incluindo compartilhá-las com pessoas não autorizadas, mostra um mandado de busca.
Como presidente, Trump às vezes compartilhava informações, independentemente de sua sensibilidade. No início de sua presidência, ele deu espontaneamente informações altamente confidenciais ao ministro das Relações Exteriores da Rússia sobre uma operação planejada do Estado Islâmico enquanto estava no Salão Oval, disseram autoridades norte-americanas na época.
Mas foi em Mar-a-Lago, na Flórida, onde membros e pessoas endinheiradas compareceram a casamentos e jantares beneficentes, divertindo-se em um pátio arejado, que a inteligência norte-americana pareceu especialmente em risco. Embora o Serviço Secreto tenha fornecido segurança física para o local enquanto Trump era presidente --e também depois--, eles não são responsáveis por controlar convidados.
O mandado de busca do Departamento de Justiça dos EUA levanta preocupações sobre a segurança nacional, disse a ex-funcionária do órgão Mary McCord.
"Claramente eles achavam que era muito sério levar esses materiais de volta a espaço seguro", disse McCord. "Mesmo apenas a retenção de documentos altamente confidenciais em armazenamento impróprio --especialmente em Mar-a-Lago, com visitantes estrangeiros lá e outros que possam ter conexões com governos estrangeiros e agentes estrangeiros-- cria uma ameaça significativa à segurança nacional."
Trump, em comunicado em sua plataforma de mídia social, disse que os registros foram "todos desclassificados" e colocados em "armazenamento seguro".
McCord disse, no entanto, que não viu "argumento plausível de que ele havia tomado uma decisão consciente sobre cada um deles para desclassificá-los antes de sair". Depois de deixar o cargo, disse ela, Trump não tinha o poder de desclassificar informações.
A apreensão na segunda-feira por agentes do FBI de vários conjuntos de documentos e dezenas de caixas, incluindo informações sobre a defesa dos EUA e uma referência ao "presidente francês", representa um cenário assustador para os profissionais de inteligência.
"É um ambiente de pesadelo para um tratamento cuidadoso de informações altamente confidenciais", disse um ex-oficial de inteligência dos EUA. "É apenas um pesadelo."