BRASÍLIA (Reuters) - Preso desde maio e até então em silêncio, o tentente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens de Jair Bolsonaro, decidiu confessar sua participação nos crimes investigados pela Polícia Federal e irá dizer às autoridades que agiu para cumprir ordens do então presidente no caso das joias, informou a revista Veja nesta quinta-feira.
Reportagem da Veja afirma que Cid, espécie de "faz-tudo" e homem de confiança do ex-presidente, decidiu pela confissão diante do conjunto de evidências colhidas pela PF.
A confissão foi confirmada à revista pelo advogado de Cid, Cezar Bitencourt.
O tenente-coronel deve admitir a participação na venda nos Estados Unidos de joias oferecidas a Bolsonaro por governos estrangeiros, na transferência dos recursos para o Brasil e a entrega do dinheiro a Bolsonaro em cash, para evitar rastros.
Deve ainda, diz a Veja, declarar que cumpria ordens do chefe e deve nomear como mandante o ex-presidente Bolsonaro, em esquema que, segundo a PF, foi utilizada a estrutura do Estado brasileiro para enriquecimento ilícito.
Procurada pela Reuters, a defesa de Bolsonaro não respondeu de imediato a pedido de comentário.
O dia já não tinha sido favorável ao ex-presidente, já que o hacker Walter Delgatti, em depoimento à CPI mista dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, afirmou que Bolsonaro ofereceu um indulto a ele em troca de colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e pediu que assumisse a autoria de um suposto grampo telefônico contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ainda segundo o depoente, o então presidente teria aberto as portas do Ministério da Defesa para que Delgatti pudesse subsidiar os questionamentos dos militares em relação à confiabilidade do sistema de votação.
(Por Maria Carolina Marcello)